O Chile pode estar avançando com um plano para integrar a blockchain em sua infraestrutura governamental. Na semana passada, dois parlamentares chilenos apresentaram uma resolução no parlamento do país pedindo o uso da tecnologia. O portal de notícias Blockonomi relatou que os membros do parlamento Miguel Angel Calisto e Giorgio Jackson estão se esforçando para conseguir o desenvolvimento da blockchain no Chile.
Os dois parlamentares que trouxeram a resolução para a Câmara dos Deputados contam com o apoio de outros oito parlamentares, e esperam que o presidente chileno Sebastian Piñera veja as vantagens que a blockchain pode criar para o Chile. Nos últimos anos, o país vem lidando com o aumento dos custos e com uma população cada vez mais insatisfeita. Muitas das questões sociais que o Chile enfrenta remontam os gastos excessivos do governo e os impostos necessários para manter esses gastos, os quais a blockchain poderia ajudar a diminuir.
Giorgio Jackson fez referência a um comunicado do escritório da Promotoria Econômica do Chile, que afirmou que a manutenção de notários no Chile se tornou muito cara. O deputado Jackson afirmou que usar tecnologias distribuídas (DLTs) para lidar com as pilhas de papéis com as quais os cartórios chilenos lidam reduziria os custos e ajudaria o governo a controlar seus gastos.
Chile junta-se ao movimento de integração com a blockchain
Livros-razão centralizados são considerados sistema menos prejudicial na maior parte da história humana. O uso de registros em papel cuidadosamente manipulados por governos e agentes autorizados é extremamente dispendioso e, em muitas áreas do mundo, sistemas arcaicos que datam de séculos atrás ainda estão em uso.
O verdadeiro problema, no entanto, é que toda a papelada tem que ser gerenciada por pessoas, e isso faz com que um sistema muito simples custe uma quantidade enorme, devido aos riscos de contraparte.
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A tecnologia Blockchain, por outro lado tem a capacidade de remover esses riscos da manutenção de registros a um grau que seria impossível com qualquer outra plataforma. Hoje as nações têm que lidar com registros de propriedade, programas de assistência social e diversos desafios. Mesmo no Brasil já se discute a criação de serviços governamentais digitais, e a agência científica da Austrália também vê um grande potencial para a blockchain nos sistemas públicos de pensão.
A maioria dos países já possui um banco de dados computadorizado que contém registros detalhados de seus cidadãos. Entretanto, muitos dos programas sociais usam diferentes bancos de dados e procedimentos relativamente complexos para distribuir fundos. Níveis adicionais de supervisão humana são necessários com registros centralizados, mas a DLT poderia estar à beira de alterar todo o registro, mantendo o fluxo de trabalho para os governos.
Os riscos da inação
Em todo o mundo, governo estão lidando com crises financeiras e fiscais. O Pew Charitable Trusts declarou recentemente que entre 2015 e 2016, o déficit de pensão nos estados Unidos cresceu US$ 295 bilhões no total, e que os planos de pensão estaduais têm US$ 2,6 trilhões em caixa – para pagar um passivo de US$ 4 trilhões. Pagar pela custosa manutenção de registros não ajudará os governos a cobrir seus passivos, e apenas aumentará as lacunas orçamentárias.
Anastasia Andrianova, que trabalhou para o Lehman Brothers antes de fundar a Akropolis (empresa que oferece fundos de pensões descentralizados em Blockchain), disse à Forbes que, “quando ocorre uma crise econômica, a primeira coisa que um estado fará é explorar os fundos de pensão ou reservas financeiras. Ambos os fundos públicos e privados são invadidos. Eu já vi isso acontecer em primeira mão, o que foi ainda mais reforçado pela crise financeira global de 2008. Os primeiros cortes costumam ocorrer nos serviços de pensão. Os pagamentos das pensões são cortados primeiro, afetando as pessoas mais vulneráveis”.
Populações maiores e expectativa de vida mais longa continuarão a enfatizar a importância de uma infraestrutura de benefícios sociais existente globalmente. A Blockchain pode ser uma importante ferramenta de corte de custos para governos que não resultará em um nível mais baixo de serviço para a população como um todo. Como as receitas fiscais continuam a diminuir em uma base ajustada pela inflação, os governos precisarão de todas as vantagens que conseguirem para manter a ordem social.
Uma falha em adotar soluções práticas não apenas parece terrível, mas também pode acelerar o declínio das estruturas governamentais existentes. Os recursos das DLTs são muito mais amplos do que fazer pagamentos de pensão, e se os governos não procurarem maneiras de ser mais eficientes, eles também podem vir a ser substituídos no futuro.
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