O uso de explorador de blocos, como blockchain.com e BlockCypher, serve para auxiliar qualquer pessoa a verificar as transações de uma criptomoeda. No entanto, um desses exploradores aparentemente compartilha dados de seus usuários com a Chainalysis.
De acordo com documentos obtidos pelo Coindesk, o explorador em questão chama-se Wallet Explorer e foi criado em 2014. Ele “rouba” o endereço de IP dos usuários que acessam o explorador. Dessa forma, o site consegue vincular endereços de IP a determinadas transações.
O vazamento diz respeito a uma apresentação que teria sido apresentada para a polícia italiana na segunda-feira (20). O vazamento ocorreu por meio da plataforma DarkLeaks, acessível apenas por meio do navegador Tor. De acordo com a Coindesk, os documentos são autênticos.
Chainalysis consegue vincular transações
Aparentemente, a Chainalysis descobriu que hackers utilizam o Wallet Explorer para verificar as transações sem medo de “deixar pegadas” em exchanges de criptografia. Em seguida, o explorador consegue rastrear os dados de IP e, em última instância, descobrir tudo sobre os usuários.
“Usando este conjunto de dados, fomos capazes de fornecer a aplicação da lei com leads significativos relacionados aos dados IP associados a um endereço. Também é possível realizar uma pesquisa inversa em qualquer endereço IP conhecido para identificar outros endereços de Bitcoin (BTC)“, afirma o documento.
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Em termos práticos, o site funciona como um “pote de mel” para atrair criminosos. Ao utilizarem o rastreador, seus endereços são roubados e podem ser analisados. Portanto, a ferramenta funciona como uma maneira de pegar hackers e outros atores que realizam crimes com criptomoedas.
Com isso, a Chainalysis teria criado um site despretensioso, mas com grande capacidade de rastreio. O endereço da Wallet Address teria sido criado em 2014, mas até o momento nunca havia sido associado à empresa. Porém o documento faz essa associação.
Não apenas Bitcoin
A falta de privacidade do explorador não está restrita ao BTC. Os documentos também mostram que a Chainalysis acredita poder rastrear transações em Monero (XMR), que muitos consideram ser a criptomoeda com o maior grau de privacidade.
“Dos casos que a Chainalysis trabalhou em colaboração com a aplicação da lei, fomos capazes de fornecer leads utilizáveis (usable leads) em aproximadamente 65% dos casos envolvendo Monero”, dizem os documentos.
Contudo, a definição desses leads, bem como sua utilidade, são bastante questionáveis. É o que afirma Justin Ehrenhofer, membro do grupo de trabalho do Monero Space.
“‘Leads utilizáveis’ é algo muito vago e pode significar uma grande variedade de coisas. Por exemplo, no melhor dos casos para a aplicação da lei, eles de fato podem ajudar a descobrir identidades reais por trás das transações. No entanto, também podem levar a informações falsas, como uma identidade falsa, roubada ou um endereço Tor”, alertou.
A descoberta também abre uma discussão sobre a confiabilidade não apenas do Wallet Explorer, mas dos exploradores de blocos como um todo. Boa parte deles é gerida por alguma empresa, o que pode deixá-los sujeitos a esse tipo de rastreio. Embora o uso da Chainalysis seja no combate ao crime, fica a discussão: o que impede essa ferramenta de ser utilizada para violar a privacidade?
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