Uma ação coletiva envolvendo a Nvidia e mineração de criptomoedas deve chegar na Suprema Corte dos Estados Unidos. De acordo com a ação, as autoridades acusam a empresa de mentir sobre o papel da mineração de criptomoedas em sua receita nos anos de 2017 e 2018.
Esta ação partiu da procuradora-geral dos EUA Elizabeth Prelogar, e de Theodore Weiman, advogado sênior da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA. Ambos reabriram o processo sob o argumento de que ele é detalhado o suficiente para chegar na Suprema Corte.
Possível risco da Nvidia para investidores
O processo de amicus curiae do Departamento de Justiça (DOJ) e da SEC tem relação com a explosão na busca por placas gráficas (GPUs) entre 2017 e 2018. Na época, a valorização de criptomoedas como o Ethereum (ETH) levou a uma explosão no preço desses equipamentos.
Antes da mudança do Ethereum para Prova de Participação (PoS), as GPUs eram a principal forma de minerar ETH. Com isso, os mineradores passaram a comprar as placas, aumentando os lucros da Nvidia. No entanto, os jogadores de games reclamaram que essa alta demanda tornou a compra das placas inviável.
De acordo com a ação, a Nvidia atribuiu falsamente o crescimento à demanda por jogos. Ao mesmo tempo, a empresa subestimou o quanto os mineradores de criptomoedas estavam aumentando as vendas.
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A decisão do Tribunal de Apelações de reabrir parcialmente o caso veio depois que um tribunal inferior rejeitou a ação. Já a Nvidia não comentou sobre o assunto.
‘Garganta Profunda’ da Nvidia
O processo cita que a SEC e o DOJ obtiveram, em primeira mão, relatos de ex-funcionários da Nvidia. Um desses funcionários recebeu o pseudônimo de “FE 1” e trouxe detalhes sobre o monitoramento de vendas que a Nvidia fazia.
De acordo com esta fonte, a empresa supostamente manteve um banco de dados global para rastrear as vendas de GPUs GeForce para mineradores de criptomoedas. Portanto, a empresa sabia do impacto que o setor exercia nas vendas de GPUs.
Outra fonte, chamada de “FE 2”, supostamente afirmou que até o CEO da Nvidia, Jensen Huang estava envolvido. A pessoa relatou que Huang participava de reuniões de vendas onde se discutiu o impacto da mineração nas vendas e receitas.
As autoridades argumentam que a liderança da Nvidia estava bem ciente da influência da criptomoeda nas vendas. No entanto, optou por minimizá-la em declarações públicas.
Ações conjuntas
Segundo a empresa de consultoria econômica Prysm Group, a exposição significativa da Nvidia à criptomoeda não foi usada isoladamente, mas sim de forma sistemática. Um dos exemplos foi o registro de queda notável nas receitas da Nvidia após a queda da criptomoeda em 2018.
O DOJ e a SEC dizem que essas evidências apoiam coletivamente a alegação de que Huang enganou intencionalmente os investidores sobre a exposição da Nvidia à mineração de criptomoedas. Ambos afirmam que o objetivo era ocultar os verdadeiros riscos por trás desse peso.
Um juiz da Califórnia inicialmente rejeitou o caso em 2021, citando evidências insuficientes, mas uma queixa alterada levou à sua reabertura parcial pelo Tribunal do 9º Circuito em junho. O processo alega a necessidade de transparência corporativa adequada e argumenta que o caso estabelece um precedente sobre os riscos de mercados emergentes, como criptomoedas.