Austin Petersen é candidato ao senado estadunidense pelo Missouri. Liberal, acredita firmemente que os americanos devem ter o direito de renunciar a qualquer serviço ou programa oferecido pelo governo, como a Segurança Social ou o Obamacare.
Como reforço a sua visão liberal, Petersen oferece a seus apoiadores a chance de “excluir” o uso de dinheiro ou cartões de crédito para realizar doações de campanha. Agora, como opção, eles podem doar usando o bitcoin sem o intermédio de instituições financeiras ou governamentais.
A escolha é sua, segundo Peterson, caso sua opção não seja mais a utilizar o dólar americano.
Com o objetivo de simplificar os relatórios financeiros, um processador de pagamento está vinculado ao site de campanha e converte instantaneamente as doações de bitcoin para dólares. Mas, para Petersen, um ex-candidato presidencial independente, agora candidato ao Senado dos Estados Unidos pelo partido Republicano, possibilitar doações através de bitcoin tem um poder simbólico: pois faz parte da marcha pela não regulamentação da moeda.
No entanto, sua lógica política extrema tem um viés controverso. Recentemente, foi banido do Facebook por 30 dias após rifar ao vivo um rifle AR-15 para seus seguidores. Pelo Twitter, Petersen alegou que essa foi sua maneira de chamar a atenção da senadora democrata Claire McCaskill para uma proibição de armamento pesado.
Levando em consideração a lógica controversa anterior de Petersen, aceitar Bitcoin se tornou sua grande ideia, acima de tudo, porque está ligada à sua paixão pela política monetária.
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O Bitcoin adquiriu uma enorme comunidade, disse Petersen, que também é músico por formação, escritor e produtor da rede de mídia Fox News. Quero dizer, existem milionários de bitcoin ululantes por aí. E talvez possamos aproveitar esse mercado. Provavelmente não haverá outros candidatos que serão melhores em abordar essa questão. Realmente, gostaria de ver a política monetária não ser regulada.
Petersen disse que seu objetivo final seria “a abolição completa e total” do Federal Reserve.
“Exceto isso”, disse ele, “no mínimo, eu gostaria de apresentar uma legislação que descentralize a unidade monetária, o dólar, de forma a legalizar ativos concorrentes como ouro, prata e criptomoedas. Assim eles podem competir livremente seus preços no mercado.”
O dinheiro, disse ele, deveria ser uma criação do mercado, não do governo.
E questiona, descentralização pode ser bom para mercados, por que não é bom para “dinheiro”?
Candidato bitcoin tornou-se o epíteto de Petersen.
Ele não é o primeiro candidato político a aceitar doações em bitcoin – o senador republicano Rand Paul, Kentucky, os levou para a campanha presidencial de 2016. Alguns candidatos ao Congresso e ao Governo também o fizeram, incluindo o deputado Jared Polis, D-Colo e Adrian Wyllie, candidato pela Flórida.
Não sabemos se foi fracasso da empatia ou a pirâmide perfeita, mas o relato comum entre eles foi que as doações não passaram de alguns míseros punhados de dólares em bitcoin, sugerindo que a cripto provavelmente não aumentará o montante financiado de campanha.
Ainda assim, uma Comissão Federal tomou conhecimento da tendência e emitiu uma opinião consultiva em 2014, permitindo que as doações de bitcoin fossem cotadas em moeda fiduciária. Ou seja, o comitê que recebeu a contribuição em bitcoin deveria relatar seu valor com base no valor de mercado do bitcoin no momento em que a contribuição foi recebida. Os limites são os mesmos para as contribuições em dinheiro. Esses limites são de US$ 2.700 por eleição para contribuidores individuais e US$ 5.000 por eleição para PACs, comitês de ação política, um tipo de organização que agrupa as contribuições da campanha dos membros e doa esses fundos para fazer campanha a favor ou contra candidatos.
Não obstante, durante a campanha, os bitcoins podem ser mantidos em carteiras digitais até serem usadas para comprar bens ou adquirir serviços de campanha.
A retenção de bitcoins em uma carteira não exime o comitê da obrigação de devolver ou reembolsar contribuições realizadas que excedam o limite de contribuição, seja proveniente de uma fonte proibida, ou, de outra forma, que a fonte de doação não seja legal, de acordo com a Comissão Eleitoral Federal (FEC).
No site de Petersen, austinpetersen.com, doadores podem usar suas carteiras digitais para transferir o montante da doação em bitcoin. Os doadores devem inserir todas as suas informações pessoais, conforme exigido pela Comissão Eleitoral Federal (FEC). A partir daí, o site faz uma conversão instantânea de bitcoin para dólares.
Ele converte automaticamente bitcoin para dólar na cotação de mercado no momento, disse Petersen.
Outro dia, alguém tentou doar 1 bitcoin, que estava cotado em cinco mil dólares; infelizmente, foi rejeitado, complementou Petersen. Naquele momento, seu site não conseguia lidar com uma doação tão alta.
A campanha de Petersen emparelhou seu site a sua conta na Bitpay, e agora aceita doações de bitcoin até um equivalente a US$ 10.000/dia. Esse é o montante total de doações, não por pessoa, disse o gerente de campanha de Petersen, Jeffrey Carson, em um e-mail. “Ainda estamos sujeitos a regulação da FEC, independentemente (ou seja, por eleição, US$ 2.700 por pessoa física).”
No início da próxima semana, Carson disse, o comitê de campanha irá lançar o primeiro balanço trimestral dos fundos angariados, incluindo o total em bitcoin. As doações em bitcoin não têm sido significantes, disse ele, somente valores avaliados entre US$ 200 e US$ 300.
No geral, até o momento, a campanha de Petersen levantou cerca de US$ 200.000.
Por enquanto, ele espera que seu engajamento ao bitcoin – e o apelo que a moeda possui entre libertários da era digital – poça ajudar a distingui-lo da poderosa arrecadação de fundos de McCaskill e do procurador republicano, Josh Hawley, o principal candidato do Senado do Partido Republicano (GOP) no Missouri.
Contudo, Petersen é realista, “nós não iremos superar Hawley, e não iremos suplantar Claire“, disse ele. “Nem mesmo com bitcoin.”
O texto acima é adaptação do, “This U.S. Senate candidate accepts donations in bitcoin — and gives away AR-15 rifle“, escrito por Lindsay Wise no Miami Herald.