Nesta semana em sua coluna no jornal Estado de São Paulo, Guilherme Horn, PhD em negócios e um dos maiores especialistas do Brasil em serviços financeiros, argumentou que testou diversas plataformas de arbitragem com criptomoedas e concluiu que é possível gerar rentabilidade por meio deste tipo de negócio, embora acredite que é preciso cautela com os altos números anunciados pelas plataformas, como o de retorno do investimento.
“Já testei pessoalmente diversos sistemas e planilhas de arbitragem de criptomoedas e eu diria que é razoável atingir ganhos líquidos de cerca de 1% ao mês. Não significa que não seja possível atingir ganhos maiores, porém se há algo que não muda no mercado financeiro é que risco e retorno andam sempre juntos”, destaca o especialista.
Negociações com arbitragem consistem basicamente em observar a variação do preço de um determinado ativo em diferentes plataformas de negociação e aproveitar este spread para vender por um preço mais alto em um local e comprar o mesmo ativo e quantidade por um preço menor em outro local. A prática ganhou muitos adeptos no mercado de criptomoedas, tendo em vista a diferença de preços em diversas plataformas no Brasil e pelo mundo, e também se popularizou com os “bots”, robôs que por meio de API executam automaticamente ordens de compra e venda de acordo com configurações determinadas pelos usuários.
Horn diz que, no entanto, em operações como esta é preciso se atentar para dois importantes fatores como volume e taxas, pois, dependendo da combinação destes fatores, a operação pode nãos ser vantajosa mesmo que haja diferença nos preços, “por exemplo, enquanto as maiores bolsas podem transacionar mais de 200 mil Bitcoins num dia, as menores transacionam menos de 200 Bitcoins por dia, ou seja, mil vezes menos. Como os lotes de criptomoedas são muito fracionados, isto significa que se formos vender 10 Bitcoins numa determinada bolsa, executaremos esta ordem com talvez 50 preços diferentes. O sistema precisa levar isto em consideração (o chamado livro de ofertas) e, claro, considerar as taxas que cada bolsa cobra”, completa.
O especialista também argumenta que é preciso atenção em relação a plataformas que oferecem lucros exorbitantes em seus anúncios e propagandas. Horn não recomenda de forma alguma este tipo de investimento, devido a pouca transparência que estas plataformas costumam ter em suas operações “e isto pode abrir uma brecha para que algumas sejam simples pirâmides”.