Na semana passada, em São Paulo, aconteceu o Blockchain Festival, um evento que mostrou que a blockchain e as criptomoedas são muito mais que uma “modinha” e que suas aplicações têm potencial de mudar e aperfeiçoar muitos processos que impactam a vida do cotidiano.
No entanto, a mensagem entre todos os palestrantes foi uma só: a blockchain só vai mudar a sociedade quando, de certa forma, o cotidiano for integrado à ela de tal forma que não seja necessário saber aspectos da tecnologia para executar tarefas mais simples, afinal, poucas pessoas sabem como funciona o wi-fi ou mesmo a própria web (www).
Embora o consenso em torno da adoção da tecnologia tenha permeado os debates, não faltaram polêmicas, como as discussões sobre blockchain pública ou privada, a transformação dos cartórios, ofertas iniciais de moedas (ICOs, na sigla em inglês) e segurança alimentar via blockchain. Além disso, os casos de uso apresentados por Percival Lucena da IBM, Jonathan Darcie da Iconic, Vanessa Almeida e Gladstone Arantes do BNDES e Daniel Duarte da Auctus mostraram que a tecnologia, que foi iniciada com o Bitcoin, vai muito além do sistema financeiro e pode, literalmente, mudar a sociedade, auxiliando no combate à corrupção, lavagem de dinheiro e outros.
A presença de reguladores como o representante do Banco Central do Brasil Bruno Batavia e de organizações governamentais como Vanessa e Gladstone do BNDES e Gustavo Fosse do Banco do Brasil foi importante para mostrar que, em meio a tantas incertezas no cenário político nacional, há uma tendência entre as instituições em promover e/ou colaborar com a implementação de uma regulamentação que permita o desenvolvimento da tecnologia e não uma posição dura e contrária às criptomoedas.
Nomes como Bruno Balduccini da Pinheiro Neto Advogados, Gustavo Paro da Microsoft, Fernando Ulrich da XP Investimentos e Régio Soares Ferreira Martins da B3 também marcaram presença no evento, trazendo importantes opiniões sobre o setor e, principalmente, como as empresas que representam têm trabalhado, buscando implementações ou explorando o potencial da blockchain em diferentes formas.
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Fernando Ulrich foi um dos mais requisitados a comentar os planos da XP, uma das maiores corretoras de valores do Brasil, que, segundo especulações, está planejando lançar aplicações que envolvem Bitcoin e criptomoedas. No entanto, Ulrich seguiu o mesmo mantra utilizado pela assessoria de imprensa da XP: “não vamos comentar o caso”. A expectativa da entrada de um player tão importante no mercado de criptomoedas é grande, tendo em vista que a XP dialoga com investidores tradicionais e institucionais, o que pode trazer um volume incrivelmente novo para o mercado nacional.
O evento também contou com a presença de Luca Cavalcanti do Bradesco, Safiri Felix da ConsenSys, Carl Amorim do Blockchain Research Institute, Keiji Sakai do Consórcio R3, entre tantos outros que, palestrando ou não, marcaram presença nos debates demonstrando a consolidação e o amadurecimento que o mercado de criptomoedas que vem conquistando dia a dia.
Sem dúvida, um dos grandes destaques do evento foi a palestra de Alex Van de Sande, desenvolvedor da Fundação Ethereum, responsável pelo Mist. Sande não fez uma palestra focada no Ethereum ou em aspectos técnicos que envolvem a segunda maior criptomoeda do mercado, atrás apenas do Bitcoin, mas destacou a visão do que pode ser uma sociedade em que determinadas funções sejam delegadas aos contratos inteligentes descentralizados.
Talvez a principal mensagem que o Blockchain Festival deixou é de que a blockchain precisa de muito amadurecimento e desenvolvimento para ser integrada no cotidiano e que este cotidiano, assim como a blockchain, não será centralizado em uma tecnologia descentralizada, mas sim descentralizado no sentido de que processos tradicionais irão integrar-se com a blockchain.