A Campus Party Natal, edição de um dos mais conhecidos eventos de tecnologia do mundo, a Campus Party, realizada entre os dias 11 e 15 de abril, lotou o Centro de Convenções da capital do Rio Grande do Norte, levando pessoas de várias partes do nordeste. E assim como aconteceu na Campus Party Brasil, realizada em São Paulo, em 30 de janeiro deste ano, as criptomoedas foram um grande destaque na programação do evento.
Pelo menos cinco palestras foram direcionadas para tratar sobre temas relacionados ao universo cripto, como Bitcoin, Blockchain, ICOs e mineração. Com assuntos que variavam desde a introdução ao Bitcoin e Blockchain, como comprar e armazenar criptomoedas, relação entre criptomoedas e a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), a trajetória do surgimento do Bitcoin até as tecnologias que possibilitaram a abertura das ICOs, como ter lucro com mineração de criptomoedas e chegando a atividades de verdadeira mão na massa e como a criação de uma rede baseada em Ethereum, a programação do evento fez com que a blockchain tivesse um setor próprio com palestras focadas no tema.
Forte presença feminina
As atividades conduzidas por mulheres em workshops e palestras sobre blockchain durante o evento são dignas de destaque.
Em dois palcos diferentes, atividades relacionadas ao tema foram trazidas por profissionais extremamente capacitadas e envolveram temas que vão desde o direito até o desenvolvimento de contratos inteligentes dentro de plataformas blockchain. Foi o caso do workshop “Registrando informações em Blockchain via Smart Contracts”, ministrado pela desenvolvedora e especialista em blockchain Solange Gueiros, realizado no palco “Blockchain e IoT”. Através de uma atividade prática, os participantes aprenderam a criar um nó na blockchain Ethereum, executar comandos de criação de uma criptomoeda e o processo de mineração.
Segundo Gueiros, cerca de 50 pessoas estiveram presentes na atividade. O saldo foi bastante positivo ao mostrar a todos como criar, praticamente do zero, um contrato inteligente e uma rede funcional, assim como verificar na prática o processo de mineração dos blocos da rede e a geração dos tokens.
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“Saí de lá muito feliz e com a sensação de missão cumprida! Ministrar um workshop prático, com o pessoal fazendo no computador o que estou ensinando, em um ambiente grande, cheio e aberto como a Campus Party é um desafio, especialmente em um tempo curto de uma hora e quarenta e cinco minutos. Mesmo assim, as mais de 50 pessoas que compareceram interagiram comigo, acompanharam toda a atividade.”
Sobre as atividades realizadas no local, Solange destacou a grande presença de estudantes, bem como o predomínio do interesse pelas criptomoedas. “Criptomoedas são apenas uma aplicação da blockchain, mas em Natal elas ainda são muito populares. Por isso houve mais palestras sobre criptomoedas do que sobre blockchain em si. Mas todas tiveram um grande público e fiquei feliz em ver o interesse existente, especialmente entre os estudantes das universidades”, afirmou.
Direito e Blockchain
Já no palco “Empreendedorismo e Startups”, o assunto abordado foi o uso da tecnologia voltado para o direito. O tema foi conduzido pela advogada Amanda Lima, que também é co-fundadora do Legal Hackers do Brasil, cujo primeiro capítulo foi formado no ano passado, em Natal. A palestra, intitulada “Lawtechs: a revolução de um novo mercado brasileiro”, não teve como foco a blockchain, mas tratou de vários estudos de casos em que a tecnologia está sendo utilizada para registros de informações.
Entre os cases citados por Amanda em sua palestra, estão o da empresa brasileira OriginalMy, que realiza registros de documentos tanto em blockchain quanto via cartório, e o projeto Voto Legal, criado pelo Tribunal Superior Eleitoral e que utiliza blockchain para tornar o processo eleitoral mais seguro e transparente.
Segundo Amanda, a receptividade do público foi de curiosidade sobre como tais projetos podem ser levados para as diversas regiões do país.
“O tema Lawtechs foi abordado pela primeira vez em uma Campus Party, e mesmo assim o público interagiu com várias perguntas sobre o tema e também questionando como poderiam trazer essas tecnologias para o nordeste, em especial para Natal.”
A advogada e professora também falou sobre a oportunidade de poder palestrar em sua cidade e de poder aliar áreas como tecnologia e direito:
“Tentei passar a mensagem de que quando os profissionais da área jurídica entenderem que a tecnologia não é limitadora de suas atividades, mas, sim, libertadora, eles poderão se dedicar às verdadeiras habilidades cognitivas da profissão, como criatividade, relacionamento interpessoal e a técnica jurídica.”