O mercado de criptomoedas é, talvez mais do que outros, marcado pela alta volatilidade. Em questão de dias, muitas vezes em apenas algumas horas, um criptoativo pode valorizar mais de 1.000%, assim como deve também estar preparado para uma desvalorização histórica. O mesmo acontece com as empresas deste ecossistema e a Bitmain, uma das maiores fabricantes de chips de mineração, tem sido destaque neste processo.
No auge do da alta de preço das criptomoedas em 2017, a gigante chinesa viu seus equipamentos serem vendidos de tal maneira que chegou a faltar estoque para suprir a demanda. Com o constante aumento de preço do Bitcoin, a Bitmain anunciou inclusive a entrada em outras áreas como Inteligência Artifical. Seus lucros faziam empresas tradicionais do mercado como NVidia e AMD comerem poeira e estimativas apontavam que a empresa valia mais de US$18 bilhões.
No entanto, atualmente, a realidade é outra e os resultados negativos não param de atingir o mercado. Como mostrou o Criptomoedas Fácil, além de registrar um prejuízo de mais de US$500 milhões, agora, segundo o portal de notícias 8BTC, a empresa demitiu mais de 30% de todos seus funcionários e praticamente acabou com a equipe de Inteligência Artificial. As demissões foram tão intensas que atingiram até mesmo a espinha dorsal da Bitmain, seu departamento de chips, e os altos executivos da companhia.
“A Bitmain costumava ter cerca de 3 mil funcionários, incluindo 1 mil no departamento de marketing, vendas e administração, e cerca de 2 mil no departamento de mineração e inteligência artificial. No entanto, 30% a 40% da equipe de negócios de mineração e 50% de sua equipe de IA foram demitidos e o número total de funcionários da Bitmain diminuiu para cerca de 1 mil”, destaca um funcionário demitido que pediu para ser identificado como Wu Feng.
Lutando para sobreviver no mercado atual, a empresa também vendeu grande parte de sua participação em criptomoedas, sendo que mais de 16 mil Bitcoins e 271 mil Bitcoins Cash teriam sido liquidados para manter que a empresa possa manter suas operações.
Equipamentos “boicotados”, como os que desenvolveu para Monero e Siacoin, também representaram prejuízos para a Bitmain, que quase viu o mesmo acontecer com seus hardwares para Ehtereum. Até mesmo seus pools de mineração (BTC.com e Antpool) perderam mais de 10% de participação no mercado e se antes as empresas juntas detinham quase 50% do poder computacional da rede (levantando protestos sobre centralização), hoje seu poder não passa de 30%.
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Na outra ponta, a Bolsa de Valores de Hong Kong (HKEX), local no qual a Bitmain pretende aprovar uma IPO para se capitalizar e expandir, não parece ter muita disposição em apoiar a listagem da companhia e, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, o CEO da HKEX Charles Li Xiaojia disse que era importante que os candidatos à IPO fossem coerentes com suas ofertas de negócios.
“Se uma empresa ganha bilhões de dólares através do Negócio A, mas de repente diz que executará o Negócio B sem mostrar nenhum desempenho, ou diz somente que o Negócio B é melhor, então eu não acho que o Negócio A apresentado em sua aplicação será sustentável”, declarou Xiaojia em referência à Bitmain.
Desde que sua pretensão de entrada na bolsa surgiu em 2018, os relatórios divulgados pela empresa passaram a sugerir algo de errado com seu retorno financeiro e agora, com as novas divulgações, tudo indica que a situação não parecer ter melhorado.
A Bitmain admite que fez alguns ajustes no seu quadro de funcionários no final de 2018 com base em seus arranjos comerciais, mas nega as recentes demissões em massa e não comentou sobre os outros pontos da reportagem.
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