O Bitcoin segue em trajetória de queda nesta quarta-feira (5), após perder o suporte de US$ 100 mil pela primeira vez desde junho. A análise mais recente da CryptoQuant aponta que, se a principal criptomoeda não conseguir se manter acima desse patamar, o preço poderá cair para US$ 72 mil em um período de um a dois meses.
O alerta foi feito por Julio Moreno, chefe de pesquisa da empresa de análise on-chain, em entrevista ao portal The Block. Segundo ele, o cenário reflete uma combinação de fatores técnicos e de enfraquecimento na demanda de mercado desde o episódio de 10 de outubro. Naquela ocasião, uma liquidação em massa eliminou mais de US$ 20 bilhões em posições alavancadas. Aquele foi o maior evento desse tipo já registrado no setor.
“Desde então, a demanda à vista por Bitcoin vem se contraindo. Nos Estados Unidos, observamos também saídas líquidas dos ETFs e um prêmio negativo na Coinbase, o que indica menor interesse de compra”, explicou Moreno.
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Bitcoin pode cair ainda mais
O índice de sentimento da CryptoQuant, chamado Bull Score Index, está atualmente em 20 pontos, indicando condições predominantemente baixistas desde o início de outubro.
A queda do Bitcoin ocorre em meio a um cenário global de aversão ao risco, que também afeta o mercado de ações e commodities. O índice GMCI 30, que mede o desempenho das principais criptomoedas, acumula retração superior a 9% nas últimas 24 horas.
De acordo com Gerry O’Shea, chefe de análise de mercado global da gestora de criptoativos Hashdex, a pressão recente tem relação com a incerteza sobre a política monetária dos Estados Unidos e à realização de lucros por investidores de longo prazo.
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“Há especulações de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) possa adiar novos cortes de juros neste ano, além de preocupações com tarifas, crédito e avaliações de mercado”, disse O’Shea. “Também observamos vendas vindas de detentores antigos de Bitcoin, algo esperado à medida que o ativo amadurece e valoriza.”
Perspectivas permanecem positivas no longo prazo
Apesar da recente queda, O’Shea destacou que o movimento não altera os fundamentos do Bitcoin como ativo de investimento.
“Os fluxos para ETFs e o avanço na adoção corporativa seguem fortes. Instituições financeiras tradicionais continuam ampliando sua infraestrutura e produtos de ativos digitais”, afirmou.
A Hashdex avalia que a combinação entre esses fatores estruturais e uma possível expansão de liquidez global, caso o Federal Reserve encerre o ciclo de aperto monetário, pode abrir espaço para que o Bitcoin alcance novas máximas históricas nos próximos meses.
Investidores no prejuízo
Moreno também apontou, em artigo publicado hoje (5), que mais de 28% da oferta circulante de Bitcoin está agora em situação de prejuízo. Mas ele ponderou que isso não é, necessariamente, um sinal de alarme:
“Embora isso possa parecer alarmante, a história mostra que esses níveis costumam marcar fundos locais, e não colapsos, durante ciclos de alta.”
Segundo ele, esses limites de perda tendem a coincidir com pontos de estresse de liquidez, nos quais os vendedores se esgotam. O analista observou que, do ponto de vista do risco de mercado, quanto mais tempo os preços permanecerem sob pressão, maior será a tensão emocional.
Se esse período de estresse se prolongar, pode haver comportamentos reativos. Por exemplo, detentores de longo prazo podem começar a realizar lucros para proteger seus ganhos. Além disso, investidores mais novos podem sair no ponto de equilíbrio assim que os preços se recuperarem ligeiramente.

“Esse comportamento pode transformar uma recuperação de curto prazo em uma saída por falta de liquidez, em vez do início de uma nova tendência de alta. Em outras palavras, o mercado está entrando em um delicado equilíbrio entre medo e paciência”, finalizou.

