Hoje, 07 de setembro, comemoramos 196 anos da independência do Brasil. Um dia em que deixamos o papel de colônia de uma outra nação e passamos a escrever nosso próprio destino, a andar com os nossos pés e escrever a história do Brasil independente.
Bem, pelo menos isso é o que costumamos aprender na escola, visto que ainda somos um povo dependente. Não de interesses ou senhores estrangeiros, como éramos antes (e como muitos partidos ainda fazem crer que somos), mas sim de um senho interno: o estado.
A independência do Brasil de Portugal, embora tenha significado uma separação física de colônia-metrópole, não ocorreu a nível cultural. Herdamos muitos defeitos de nosso passado português, como a aversão ao livre comércio, o apreço por burocracias e uma total irresponsabilidade com o dinheiro.
E aqui não me refiro apenas ao chamado dinheiro público, mas sim à nossa moeda. Poucos países foram tão irresponsáveis nesse aspecto quanto o Brasil.
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Devassidão e prisão monetária
De 1822, ano da independência, até hoje, o Brasil teve nada menos que 9 moedas. A nossa moeda atual, o real, que simboliza o ápice da estabilidade financeira, não passa de um jovem com menos de 30 anos.
A mais duradoura moeda de nossa história, o réis, durou menos de 100 anos, de 1822 até 1942. Para efeito de comparação, o dólar possui mais de 200 anos, enquanto o peso chileno (para ficarmos em um país parecido com o nosso) é de 1975. Portanto, duas vezes mais velho que o real.
O desastre monetário no Brasil pode ser resumido durante o período de 1942 a 1994, ano de implantação do real. Nesses 52 anos, tivemos nada menos do que oito moedas diferentes. Além disso, fomos assolados pela hiperinflação, que durou quase duas décadas, se tornando a mais longa da história.
Esse fenômeno de troca de moedas e expansão desenfreada dos preços trouxe consequências culturais e educacionais que viriam a se tornarem desastrosas para a educação financeira da população. Os mais pobres, em especial, ficavam totalmente reféns da irresponsabilidade dos infrutíferos planos criados para tentar combater a inflação, pois viam o valor do seu trabalho ser corroído todos os dias.
Os mais ricos, embora também sofressem com o problema, tinham acesso a bancos e a investimentos em moeda forte, como dólar e marco alemão. Isso lhes permitia se proteger da moeda brasileira e permitir até ter altos ganhos. Ao pobre, restava ir ao supermercado todo dia de pagamento – muitos salários eram pagos diariamente, para evitar a perda com a inflação – e correr para o supermercado comprar o que pudessem. Afinal, deixar para amanhã poderia significar não poder pagar a mais por um saco de pães ou de feijão.
Em um país independente, os pobres se mantinham presos por um dinheiro de baixa qualidade.
As consequências
Hoje, temos uma economia estabilizada há mais de 20 anos. Temos preços comportados e uma certa previsibilidade com gastos. Entretanto, também guardamos resquícios da cultura inflacionária, os mesmos que nos fazem ser um país de endividados.
63 milhões de brasileiros possuem alguma restrição em seu nome por causa de dívidas. Ao passo de que temos 52 milhões de pessoas que utilizam cartão de crédito no país (dados do SPC), um sinal de integração financeira, essa integração acompanha a total irresponsabilidade e ignorância: 93% admitem que gastam mais do ganham, e 96% não sabem sequer quanto pagam de juros. Nesse cenário, ter 30% da população presa a dívidas não é nem um pouco surpreendente.
Vivemos em um país de consumistas, algo totalmente diferente do consumo. Consumir é abrir mão, voluntariamente, de um dinheiro que economizamos para comprar um bem. Consumismo é deixar de ter controle do dinheiro e se entregar ao canto do “dinheiro fácil” ou das coisas “grátis.” Nos prendemos a dívidas e depois clamamos que “o governo não nos ajuda!”
Em um país independente, nos mantemos como colônias de políticos e de nosso próprio descontrole financeiro.
O papel do Bitcoin
Infelizmente, não tínhamos uma alternativa viável para escapar de moedas ruins na época da hiperinflação. Ser pobre significava ter que gastar o dinheiro enquanto ele tinha valor. Por isso, não podemos inferir como seria caso existisse um dinheiro melhor – e mais fácil de ser usado – naquela época.
Mas hoje temos esse dinheiro: chama-se Bitcoin. E se não podemos saber se ele nos seria útil nos anos 1980 e 1990, hoje somos privilegiados em ver na prática como ele pode ajudar pessoas em situação de pobreza extrema e de total “colonização monetária” causada pelos seus irresponsáveis governos.
Na Venezuela, Bitcoin e Dash são usados à revelia da autorização do governo, que tenta atrair a população a usar uma “criptomoeda estatal” em um país que beira a 1.000.000% ao ano de hiperinflação, a maior do mundo. No Zimbábue, país que tinha a maior hiperinflação do mundo até 2010, a procura pelo Bitcoin rivalizou com as moedas usadas informalmente no país (libra, euro, dólar e Riad) a ponto de que, mesmo durante o grande rally de alta em 2017, o Bitcoin chegou a custar no país o dobro do seu valor no resto do mundo, tamanha foi a demanda.
A independência financeira trazida pelo Bitcoin e pelas criptomoedas (não precisamos de um banco para guardá-las), a previsibilidade (elas não dependem do estilo dos políticos que estão no poder) e a segurança (uma carteira é muito mais segura do que um sistema bancário) trazem cada vez mais pessoas a estudarem e adotarem as criptomoedas como forma de investimento e de uso corrente. Mesmo em baixa, o mercado conseguiu ganhos maiores do que até mesmo moedas nacionais.
Quem utiliza Bitcoin não se preocupa com taxa de inflação, tampouco com o nome que presidirá o Banco Central. Também não precisa se preocupar com possíveis confiscos de dinheiro, pois nenhum governo pode acessar os bitcoins alheios se eles estiverem em uma carteira privada. Também não existem fins de semana nem feriados, valores máximos de transferência, tampouco relatórios bancários e limites para sacar valores de sua própria conta.
Deseja enviar, do seu quarto, US$ 100 milhões para alguém que mora na Tailândia, as 22hs de um sábado, pagando menos de US$ 1,00? Sem problemas: basta ter uma conexão de internet para isso. Ou, em contraste, deseja enviar US$ 50,00 para ajudar uma família pobre na África, mas não faz isso porque sabe que eles levarão 3 dias para receberem e você terá que pagar até 10% de taxas para transferir? Peça para a família criar uma carteira e envie você mesmo para eles. Com taxas muito menores e no máximo 10 minutos, tempo que leva para a transação ser concluída, você dará a uma família algo que pode significar a sobrevivência deles por meses.
Em um país independente, o Bitcoin fornecer a verdadeira independência para as pessoas: a liberdade de controlar o seu próprio dinheiro.
Conclusão
Com o aumento do interesse pelo Bitcoin, podemos ver um crescente aumento no número de interessados em conhecer como o dinheiro funciona — e, principalmente, como ele pode funcionar sem precisar ser emitido pelo estado. E, talvez, vejamos a cultura de gasto e prodigalidade trazida pelas moedas estatais ser (novamente) substituída pela cultura de longo prazo e responsabilidade financeira. Algo que só uma moeda forte pode ajudar a consolidar.
Uma moeda forte traz mais riqueza, algo que, por sua vez traz um maior padrão de vida para todos, especialmente os mais pobres. Essa é a grande independência a ser comemorada por todos os entusiastas de criptomoedas ao redor do mundo.
Nesse dia 7 de setembro, pode comemorar. Cante o hino nacional, assista aos desfiles, relembre a memória dos nossos heróis. Mas não se esqueça de, em 2019, comemorar o verdadeiro dia da independência: 3 de janeiro, o Dia da Independência Monetária.
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