Entusiastas e especialistas, iniciantes e experientes, empresários e investidores, exchanges, compradores e p2p, players consolidados e outros um tanto quanto suspeitos. A Bitcoin Conference, organizada pela StartaSe, rede que busca reunir personagens do ecossistema de startups, que aconteceu esta semana em São Paulo, reuniu um público diverso e lotou as dependências do ExpoCenter Norte. Os participantes estavam ansiosos por compartilhar informações sobre o Bitcoin que hoje, movimenta sozinho muito mais de R$10 bilhões por dia.
A StartSe preparou um espaço extremamente organizado e com uma equipe de suporte muito solícita, no entanto, ao subir as escadas que davam acesso ao 2º andar, onde aconteceria o evento, um estande deixou os Bitcoiners de cabelo em pé. Ali estava a MinerWorld, empresa de investimentos em criptomoedas que está sendo investigada pela Polícia Federal por suspeita de fraude utilizando o esquema de pirâmide financeira, e que, inclusive, já consta na “Blacklist” do Bitcoin há um certo tempo. Porém, a grande surpresa foi que, circulando pelo evento uniformizados e com suas pastas “evangelizando” os mais novatos, a equipe da MMM Brasil também marcou presença no evento, empresa considerada o maior esquema ponzi do mundo. Ambas empresas dividiram espaço com empresas consolidadas e referências no mercado brasileiro, como: FoxBit, Mercado Bitcoin, CoinBR, entre outras.
Controvérsias à parte, a Bitcoin Conference foi aberta com o Pedro Englert, fundador da Starse e, logo após a introdução do Fernando Ulrich, estudioso de teoria monetária e entusiasta de moedas digitais de longa data, a primeira palestra foi iniciada no palco principal. Ulrich explicou sobre o processamento básico do Bitcoin, focando na audiência não possui conhecimento aprofundado sobre o assunto e abordou temas como sobre os motivos do Bitcoin ter ganhado tanta fama e ter conseguido quebrar paradigmas, seja como um sistema digital seguro ou como um ativo de valor, sem a necessidade de uma entidade centralizadora e, mesmo assim, com “valor” e liquidez. “O Bitcoin é virtualmente imparável“, disse Ulrich durante sua apresentação.
Um dos pontos mais interessantes de sua palestra foi o relato de quanto dinheiro está investido no mercado digital, não necessariamente somente nas criptomoedas, mas em toda a área do Vale do Silício, que viu emergir gigantes como Apple, Microsoft, Google, Facebook, Amazon, entre outros, que, assim como as criptomoedas, não lidam com “ativos reais“, mas tem todo seu valor devido ao que executam e realizam no campo “virtual“. Assim, de forma mais didática, Ulrich mostrou que investir em um ativo digital não é algo novo e nem tampouco loucura, afinal o mundo como conhecemos hoje é a combinação inseparável de múltiplas identidades, online e offline.
Em meio aos cafés, doces, salgados, refrigerantes e energéticos, tudo oferecidos gratuitamente para os participantes, o evento seguiu com Gustavo Hess que apresentou aplicações práticas de Bitcoin e outras criptomoedas, demonstrando elas podem ser usadas, por exemplo, na substituição da moeda Fiat como forma de pagamento, além da possibilidade de coexistirem com as moedas tradicionais, tornando-se apenas mais uma opção de pagamento. Seguindo Hess, Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin, e João Canhada, CEO da FoxBit, ambas corretoras de criptomoedas, debateram o Bicoin no Brasil e as novidades que podem atingir o mercado.
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Os cenários discutidos por Fausto Botelho (Enfoque), Oliver Cunningham (KOMG), Helena Margarido (SUM), Galeno Garbe (Mercado Bitcoin) e Edison Pereira (BitBlue), foram desde como popularizar o universo das criptomoedas, tornando-o mais didático, até os aspectos legais, como por exemplo o que deve-se fazer para não ter surpresas indesejadas com o Leão ou mesmo com outros órgãos reguladores nacionais. Os painéis também foram claros em mostrar que é preciso separar, embora tenham nascido conjuntamente, o “Bitcoin” da “Blockchain“, esclarecendo que o primeiro é uma criptomoeda e o segundo não, e sim uma tecnologia que tem aplicações diversas e pode ser usada além de apenas uma “rede” para validações de transações do Bitcoin.
Foi neste clima o período da tarde da Bitcoin Conference foi conduzido. O Bitcoin foi deixado um pouco de lado e o evento concentrou-se em como a Blockchain poderá transformar parte das operações que hoje são centralizadas. Neste cenário, não poderia faltar outro assunto também controverso, as ofertas iniciais de moedas (ICO, na sigla em inglês). Mais que o Bitcoin, as ICOs, que têm assombrado os governos por todo o mundo, são uma forma de financiamento coletivo comumente usada por startups do mercado de criptomoedas e têm “oferecido negócios revolucionários” que envolvem desde o rastreamento da cadeia de suprimentos da maconha, até mesmo ser o elo entre Deus e seus fiéis, por meio da Blockchain.
Nomes como Edilson Osorio (Original.MY) e Guilherme Santana (Ubby) mostraram que, embora a tecnologia da Blockchain seja disruptiva e certamente terá inúmeras aplicações que irão transformar nosso cotidiano, nem tudo estará ou precisará estar em blockchain e que é preciso entender o que é a tecnologia de livros distribuídos para poder fazer uma avaliação se o seu uso é de fato fundamental para determinados tipos de negócio. Seguindo a mesma linha, o palestrante Fábio Silvia (Latoex) apresentou seu ponto de vista em relação à blockchain no mercado financeiro.
Um dos pontos altos do evento foi o painel em que Gustavo Paro (Microsoft) e Roberto Saguton (R3) palestraram com a mediação de Roberto Dagnoni (B3). Durante a apresentação, ambos revelaram que o Governo Federal Brasileiro, por meio do Ministério do Planejamento, como já noticicou o Criptomoedas Fácil, já está trabalhando em soluções de autenticação em Blockchain. Além disso, importantes bancos brasileiros, como Itaú e Badresco, que integram o consórcio R3, junto com os maiores bancos mundiais, estão testando diversas tecnologias para melhorar os fluxos bancários, entre elas, além da blockchain do Ethereum, aplicações com a Riplle, revelou Saguton. Sagunton e Paro rasgaram elogios em relação ao posicinamento do Brasil que, segundo eles, entre os governos tem sido um dos mais abertos e avançados no campo da incorporação da blockchain em seus fluxos. Como eles destacaram, tanto o Banco Central como a Febrabam estão empenhados em entender e buscar formas para a atulização da blockchain. Correu pelos corredores, embora não oficial, a notícia de que o Governo do Estado de São Paulo também já tem uma equipe dedicada para estudar e trabalhar com Blockchain.
Thiago Cesar (Bit.One) e Rocelo Lopes (Coinbr) palestraram sobre Altcoins e como elas, assim como Bitcoin, não são apenas um importante ativo de investimento, como também possuem aplicações e tecnologias diversas, afinal surgiram com ideias e finalidades diferentes. Ambos demostraram como é preciso separar o joio do trigo e entender o que esta por trás de cada tecnologia, afinal, blockchain, segundo eles, virou uma “grife” e nem sempre aquilo que se diz blockchain é sinônimo de bom negócio ou de algo sério. Na mesma linha de pensamento, apresentaram-se também Alexandre Liuzzi e Alexandre Garcia (E-genius) e Carlos Gamboa (Fisher).
Além das palestras, e muito menos concorridos, os workshops que ocorreram em uma sala especial, próxima dos stands, foram bem didáticos e ensinaram itens básicos relacionados ao Bitcoin, por exemplo como comprar e transferir bitcoins, como criar uma carteira, armazenar e até como usar Bitcoins.
No encerramento evento, Jeremy Gardner (BEN) deu um show mostrando como tornou-se um milionário com Bitcoin, tendo apenas 25 anos. Gardner, mostrou que desde Silk Road até a maior bolsa de ativos futuros do mundo, a bolsa de Chicago, que recentemente anunciou que irá oferecer ativos em bitcoin para seus clientes, a moeda digital mais conhecida do mundo percorreu um grande caminho. Em sua opinão conhecer, entender e manter-se informado sobre o Bitcoin é a chave para se dar bem em um negócio que vai mudar o mundo. Ou será que já mudou?
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