O Banco de Compensações Internacionais (BIS) anunciou o abandono do projeto mBridge, uma iniciativa lançada em 2021 para conectar sistemas financeiros de diversos países por meio de uma moeda digital de banco central (CBDC).
De acordo com a entidade, o projeto, que visava criar uma rede paralela de transações internacionais, acabou sendo visto como potencial facilitador para que países dos BRICS contornem sanções econômicas. Esse aspecto levou o BIS a reconsiderar sua participação e a encerrar seu envolvimento no mBridge.
O gerente-geral do BIS, Agustín Carstens, destacou as razões da decisão durante um evento recente em Madri. Conforme afirmou Carstens, o mBridge não pode servir ao BRICS. Isso porque o projeto não ajuda a evitar sanções impostas pelo Ocidente.
“Nada do que fazemos deve se tornar um canal para violar sanções”, afirmou Carstens. A afirmação evidencia a posição contrária do BIS em apoiar iniciativas que possam desestabilizar o sistema financeiro global estabelecido.
BIS desiste de CBDC
O mBridge buscava possibilitar que países como Emirados Árabes Unidos, China, Hong Kong, Tailândia e Arábia Saudita realizassem transações financeiras transfronteiriças de forma ágil e segura, sem recorrer ao sistema bancário tradicional. A iniciativa estava sob a liderança do BIS Innovation Hub. A entidade buscava criar uma solução digital de banco central capaz de viabilizar a integração entre diversas economias.
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Apesar do estágio avançado do projeto, que já atingiu o nível de Produto Mínimo Viável (MVP), Carstens deixou claro que a entidade não participará de um sistema que possa contornar sanções.
Com o MVP, os países envolvidos já possuem nós validadores na rede mBridge, capazes de verificar e concluir transações financeiras. Recentemente, os Emirados Árabes Unidos realizaram o primeiro teste com sucesso do projeto. O país efetuou um pagamento de 13,6 milhões de dólares digitais diretamente para a China, utilizando o dirham digital.
Ainda que o BIS tenha decidido se retirar, os países participantes estão livres para continuar com o mBridge. Carstens reafirmou que, embora a tecnologia apresente potencial para simplificar transações internacionais, o envolvimento do BIS em um projeto que pode facilitar o comércio entre os BRICS, contornando o sistema financeiro convencional, não seria sustentável.
O BIS tomou a decisão após considerações sobre os riscos de apoiar um sistema de pagamentos alternativo que poderia servir a países sob sanções, como a Rússia.