As primeiras criptomoedas a implementarem o protocolo MimbleWimble, Beam e Grin receberam muita atenção e também despertaram rumores de que, devido à sua privacidade e rapidez, poderiam substituir criptoativos como Monero e Zcash e até mesmo ser uma solução melhor que a Lightning Network.
Para responder estas e outras perguntas, ChainNode (antigo 8btc Forum), a primeira e maior comunidade de Bitcoin da China, convidou Alexander Zaidelson, CEO da Beam para realizar uma AMA, cujo conteúdo, publicado pelo 8BTC, demonstra os caminhos que o criptoativo pretende percorrer para ser um dos principais do mercado de criptomoedas. O Criptomoedas Fácil fez uma compilação das principais perguntas e respostas. Confira!
ChainNode: A Beam pode superar outras moedas baseadas em privacidade, como Monero, Zcash e Grin? Qual é a vantagem do Beam sobre elas?
Alexander Zaidelson: A Beam tem tecnologia superior sobre à Monero e à Zcash – o MimbleWimble tem uma escalabilidade muito melhor. Comparada à Grin, enquanto a Beam usa a mesma base de tecnologia, acreditamos que temos uma implementação melhor que inclui maior privacidade (decoys no Dandelion), melhor usabilidade (SBBS, transações unilaterais) e mais escalabilidade.
CN: Comente um pouco sobre as técnicas de privacidade usadas por outras cripomoedas e quais são as vantagens do MimbleWimble?
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AZ: O MimbleWimble tem uma grande vantagem sobre a Monero e a Zcash em termos de escalabilidade. Enquanto a blockchain da Monero é cinco vezes maior do que o BTC em quantidade de transação e a Zcash é nova vezes maior, a blockchain da Beam é de três a cinco vezes menor do que o BTC. Isso porque a Monero e a Zcash estão usando a arquitetura básica do Bitcoin e empregam tecnologia muito sofisticada para esconder informações na blockchain, tornando a blockchain muito mais pesada (pense nisso, se a Monero tivesse o mesmo uso do Bitcoin, sua blockchain seria 1 TB, e Zcash perto de 2 TB).
Também deve ser notado que na Zcash, mais de 95% das transações não são ainda privadas. A Dash não tem privacidade real – todas as informações são visíveis para os supernodes que podem ser controlados por partes nefastas. Além disso, estamos criando um forte conjunto de recursos de conformidade em torno da Beam, que nem a Zcash, nem a Monero nem a Dash estão fazendo.
CN: O MimbleWimble pode ser aplicado a outras criptomoedas já existentes?
AZ: O MimbleWimble pode ser aplicado a moedas existentes como o Litecoin, como uma cadeia lateral ou como blocos de extensão. Isso criará um sistema paralelo à moeda principal e todos os pontos de entrada e saída ainda estarão visíveis. Embora isso signifique privacidade aprimorada, ainda não é privacidade total. Será muito difícil mudar uma blockchain existente para MimbleWimble por completo.
CN: Você está confiante sobre o seu sucesso nesta competição (com a Grin)? De onde vem a confiança?
AZ: Absolutamente. A confiança vem da nossa grande visão e das nossas excelentes capacidades de engenharia. Provamos que podemos entregar produtos de trabalho em prazos muito curtos e continuaremos a fazê-lo. E à medida que continuamos a executar nossa visão, acredito que mais e mais pessoas perceberão as vantagens da Beam. A competição é uma grande coisa como eu mencionei acima, ter mais de um projeto neste espaço é muito benéfico e gera um grande diálogo e troca de ideias, bem como uma motivação para seguir em frente.
CN: Um relatório recente afirma que a única diferença entre Beam e Grin é que a Beam tem uma equipe profissional no trabalho. Então, como a equipe da Beam evitou criar uma rede centralizada?
AZ: A Grin também tem uma equipe super profissional e capaz no trabalho, a maioria deles não está sendo paga por isso. Mas há mais diferenças, como afirmo acima – a Beam tem implementações melhores e mais escaláveis de certas partes do MimbleWimble e melhor usabilidade por meio de carteiras completas e carteiras móveis. Nós acreditamos que a Grin acabará se atualizando sobre isso.
Acredito que uma das principais diferenças é a nossa visão abrangente de criar uma moeda que seja utilizável anonimamente e de forma compatível. No que diz respeito à rede centralizada – a tecnologia em si é descentralizada, não há um serviço central ou serviço pelo qual os fluxos estão indo. E mais uma nota sobre centralização vs. descentralização. Eu acho que as pessoas às vezes estão confusas aqui. A Beam é uma empresa e tem um CEO, um CTO e outros executivos, e um certo processo de tomada de decisão. Então, geralmente tudo o que é decidido por esse grupo de executivos é executado.
Embora a Grin seja baseada na comunidade e não tenha um CEO ou CTO, ela também tem uma equipe de liderança muito clara que está tomando decisões regularmente, e o que for decidido por esse grupo é normalmente executado. Portanto, a tomada de decisão da Grin (e de outros projetos comunitários) geralmente também é bastante centralizada.
CN: Qual é a visão da Beam?
AZ: Nossa visão é criar um ecossistema para transferência confidencial de valor com conformidade opcional, o verdadeiro dinheiro digital. O mesmo que nas transações em fiat, as pessoas podem optar por deixar o rastro de papel para cada transação ou não. Dessa forma, criaremos uma moeda que tanto os indivíduos quanto as empresas possam usar. Além disso, estamos desenvolvendo ativos confidenciais adicionais. As pessoas poderão negociar títulos, stablecoins, colecionáveis digitais ou qualquer outra coisa na rede Beam, com todos os benefícios de confidencialidade, escalabilidade e relatórios opcionais.
CN: Quão grande é o mercado para as moedas baseadas em privacidade?
AZ: Acredito que todas as atividades financeiras devem ser privadas, mas permitem a conformidade opcional. Dinheiro digital, igual ao dinheiro normal, deve ser confidencial, mas permitir que as empresas façam relatórios. Moedas tradicionais como o Bitcoin não podem ser usadas no dia-a-dia porque todos (clientes, fornecedores, concorrentes) verão as transações da empresa. Moedas de privacidade existentes, mesmo se deixarmos de lado seus problemas de escalabilidade, também não são utilizáveis. Uma empresa não poderá usar a Monero e mostrá-la ao auditor ou à autoridade fiscal. A Beam oferece uma solução real aqui. Então o mercado é realmente enorme.
CN: Qual você acha que é a maior aplicação prática da Beam?
AZ: Eventualmente eu gostaria de ver a Beam como um depósito confidencial de valores e meios de troca. Quero ver empresas aceitando a Beam como pagamento por coisas grandes e pequenas. Minha alegação é que apenas uma moeda que é confidencial, mas também oferece uma maneira de ser “rastreada”, pode realmente ser usada por empresas . De fato, por um lado, nenhuma empresa quer divulgar suas transações para todos. Por outro lado, as empresas precisam informar suas receitas e despesas às autoridades. Beam é o único projeto de moeda digital que pode oferecer isso.
CN: Por que você escolheu o MimbleWimble como a tecnologia subjacente para a Beam?
AZ: Na minha opinião, MimbleWimble é a próxima geração de tecnologia blockchain. Ele pegou a arquitetura original do Bitcoin que era usada pela maioria das criptomoedas existentes, incluindo moedas de privacidade como Monero e Zcash, e virou de cabeça para baixo. Em MimbleWimble, não há endereços e nenhum rastreamento de transação é armazenado na blockchain, tornando impossível espionar as finanças das pessoas.
Além disso, a natureza conversacional do MimbleWimble (ou seja, a necessidade de ambos os lados conversarem para criar uma transação) permite coisas muito interessantes, como pedir à outra parte para fornecer certos documentos antes de fechar a transação. Quando descobrimos e começamos a aprender sobre MimbleWimble, logo ficou claro que há uma oportunidade de construir uma grande moeda e um grande ecossistema em cima dele, então decidimos ir em frente.
CN: Escalabilidade é um problema que muitas blockchains estão enfrentando, como que a Beam lida com isso?
AZ: Como afirmei acima, o Mimblewimble oferece uma grande escalabilidade em termos de tamanho de blockchain. No MimbleWimble, a blockchain não armazena o histórico de transações, apenas o estado atual de todos os UTXOs e um conjunto de kernels de transação que realmente provam que o histórico é válido, alcançando assim um tamanho de 3 a 5 vezes menor por transação do que o Bitcoin. Em termos de transações por segundo, a primeira camada da Beam não é muito rápida. Atualmente, a Beam pode processar cerca de 17 transações por segundo. Para melhor velocidade, precisaremos de soluções de segunda camada. Nós estamos olhando para Lightning como uma das opções. A tecnologia parece fascinante.
CN: A Beam planeja usar a tecnologia Lightning Network? Você acha que a LN tem gargalos?
AZ: Estamos olhando para Lightning muito a sério. Eu acho que essa tecnologia é muito interessante. Publicamos recentemente um documento de posicionamento sobre ela e estamos considerando as próximas etapas. Eu acho que o principal desafio da Lightning é o roteamento e a verdadeira descentralização – construir uma rota “financiada” de um nó para outro pode ser um desafio. Uma solução poderia ser um modelo “superhub e spoke”, no qual os superhubs são, na verdade, bancos que fornecem liquidez, mas isso significaria certa centralização e potencial para censura.
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