A moeda digital emitida pelo Banco Central do Brasil (BC), o real digital, está ganhando forma. De acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o ativo está com lançamento previsto para o ano de 2024. Além disso, em um evento organizado pelo Poder 360 e pelo PicPay na última terça-feira (13), Campos Neto afirmou que também chegará ao mercado em breve uma carteira digital inteligente com suporte para o real digital.
O aplicativo também vai integrar os dados financeiros dos usuários e oferecer serviços como Pix, débito, crédito, investimentos e seguros, por exemplo. Segundo o presidente no BC, por meio do app será possível alternar entre o real digital e a moeda física de forma automática.
A autoridade monetária do Brasil deve lançar o piloto do real digital já no ano que vem, com a participação de algumas instituições. E no ano seguinte, 2024, a CBDC deve chegar aos consumidores.
Foco na tokenização de ativos
Outra inovação do app é a possibilidade de emissão de tokens para negociação dos dados. Campos Neto explicou que como os fluxos de pagamentos serão programáveis, haverá uma grande quantidade de dados que poderão ser monetizados:
“É o processo final de toda essa digitalização do sistema que é você ter o domínio dos seus dados e poder emitir token para poder negociar os seus dados”, disse.
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Falando ainda sobre tokenização, Campos Neto observou que o design do real digital vai incentivar os bancos a tokenizar seus ativos:
“Se a moeda digital for realmente um depósito tokenizado, ela herda toda a regulamentação que já se aplica aos depósitos”, disse ele.
Ainda sobre a participação dos bancos nesse processo, Campos Neto disse que a autarquia não pretende seguir o exemplo de muitos países do mundo que estão promovendo uma “expulsão do mundo digital”, proibindo bancos de ter custódia de ativos digitais. Pelo contrário, o BC quer estimular essa custódia por várias instituições.
“A gente acha que não só não tem que proibir os bancos de ter custódia digital, tem que estimular os bancos a ter custódia digital”, afirmou ele, argumentando que a concentração de custódia em poucas instituições eleva os riscos financeiros.
“Isso vai trazer o mundo das finanças descentralizadas para próximo da regulação, e não para longe, que é o que alguns outros países estão fazendo.”
FMI elogia modelo do real digital
Por fim, o presidente do BC também informou que recebeu um feedback de representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a CBDC do Brasil. De acordo com o FMI, o modelo brasileiro parece ser o mais fácil de implementar. Portanto, outros bancos centrais deveriam estudá-lo.
“No final, nós ficamos lisonjeados por ter pensado em um sistema que outros bancos centrais estão pensando agora”, disse Campos Neto.