Quem acompanhou o crescimento do mercado de criptomoedas no ano passado, especialmente aqui no Brasil, certamente conhece pelo menos uma exchange ou empresa desse mercado que teve a sua conta bancária bloqueada por algum grande banco.
Bancos, especialmente os de grande porte, costumam sentir-se ameaçados pelo crescimento do uso de moedas digitais como o Bitcoin, seja porque temem perder os seus clientes, seja porque o uso de ativos digitais ainda não é claramente regulamentado – e isso leva as instituições financeiras serem mais restritivas com empresas de criptomoedas ao ponto de impedirem a abertura de contas bancárias ou até mesmo de cancelar as contas já existentes.
Por outro lado, algumas instituições seguem o caminho oposto e oferecem condições especiais para que os seus clientes possam trabalhar com ativos digitais de forma segura. É o caso de um banco na Alemanha, o qual resolveu criar contas especiais para empresas que trabalham com Bitcoin e outros ativos digitais.
Contas especiais para Bitcoin e blockchain
O Solarisbank é um banco digital alemão que funciona nos mesmos moldes que bancos similares aqui no Brasil, como o Neon e o Inter. O banco anunciou o lançamento de um serviço intitulado Blockchain Factory, que, segundo o próprio Solarisbank, faz com que as companhias que trabalhem nesse mercado tenha um “banco sólido e parceiro, que entende a tecnologia”.
“O Blockchain Factory será usado pelo Solarisbank para oferecer serviços bancários às empresas cujo negócio é direta ou indiretamente ligado às criptomoedas e à tecnologia blockchain. Um exemplo desses serviços é a ‘Conta Blockchain Company‘ para o negócio bancário de empresas de blockchain”, explicou o banco. “Além disso, serviços para mercados globais de criptomoedas serão disponibilizados para facilitar a compra e venda de moedas fiduciárias, como a Conta Confidencial Automatizada do Solarisbank, uma conta de garantia automatizada para mercados de criptomoedas.”
Coexistência de sistemas
Além dos serviços bancários, o Solarisbank iniciou sua primeira parceria com outra empresa chamada VPE Bank. Os dois têm planos de fornecer criptomoedas a negociadores institucionais, como grandes fundos. Além disso, a empresa estabelecerá parcerias com empresas que lidam com cartões de crédito e débito dentro de seu modelo de negócios.
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“As moedas fiduciárias não estão prestes a se dissolver. Estamos caminhando para um futuro híbrido, no qual o mundo blockchain ainda tem que provar seu valor. No entanto, nós enxergamos o poder disruptivo desses modelos de negócios e queremos ajudar a moldar o futuro dessa indústria”, explica o CTO do Solarisbank, Peter Grosskopf.
Alta demanda
O Solarisbank tem se saído bem desde a sua criação em março de 2016, e firmou em uma parceria estratégica com a Mastercard em outubro daquele ano, com planos para construir novos módulos bancários. Em março, o Solarisbank levantou US$70 milhões em uma rodada de financiamento que contou com gigantes do setor bancário e de pagamentos, como ABN Amro, SBI Group, Visa, BBVA e Lakestar.
“Há uma grande demanda do mundo blockchain por um parceiro licenciado que realize uma ponte tecnológica e regulatória para o setor bancário tradicional. Sendo o Solarisbank uma empresa de tecnologia com uma licença bancária, somos o parceiro natural”, disse Roland Folz, CEO do Solarisbank.
Levando em conta os casos de contas bancárias encerradas por empresas de criptomoedas no Brasil e a grande ascensão das fintechs, podemos esperar que em breve apareçam bancos que adotem práticas mais amigáveis em relação ao uso e negociação do Bitcoin por aqui.