O mercado de criptomoedas e blockchain talvez tenha ganhado um importante aliado na busca pela sua legitimidade e regulamentação. Nesta última quinta-feira, 12 de abril, foi anunciado o lançamento da Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB), cujo presidente é Fernando Furlan, um importante interlocutor entre o mercado financeiro, tecnologia e governos, tendo inclusive ocupado importantes cargos no governo federal e até na ONU. Junto com Furlan, a diretoria da associação conta com Emília Campos na Diretoria Jurídica e Felipe França no cargo de Vice Presidente.
Com apenas dois membros por enquanto, a Atlas Project e a Thera Bank, os objetivos da associação não são pequenos e prevêm desde “educar o mercado”, até a interlocução com os principais órgãos reguladores do Brasil, como o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), além de representantes do Congresso Nacional, por meio de uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Empresas como a Bitofertas e a Hubchain ainda aguardam aprovação para entrar na ABCB, que ainda não tem um processo implementado para admissão de novos membros. Atualmente, o processo é feito exclusivamente por meio de convites da associação para as empresas, e provavelmente, no dia 22 de maio, haverá um coquetel para anunciar os novos membros (entre eles algumas exchanges que não tiveram seus nomes divulgados).
Durante a coletiva de imprensa realizada em São Paulo, nesta quinta-feira, 12 de abril, o presidente da entidade Furlan destacou que:
“A associação deseja ser um agente positivo no mercado e, tendo em vista as potencialidades da blockchain e dos ativos criptográficos, todos os dias novas aplicações são criadas e embora ainda exista muita desinformação sobre o assunto, a tecnologia vai continuar se desenvolvendo. Nós estamos surgindo não apenas para sanar dúvidas, mas para ajudar a separar o joio do trigo (os agentes maliciosos dos atores bem intencionados), e para elaborar em conjunto novas regras e até propostas de autorregulamentação, além de ajudar os reguladores na implementação de normas para esta tecnologia, tendo em vista que o negócio cripto/blockchain pode ajudar os governos a gerar riqueza e promover igualdade social.”
Enquanto Furlan foi mais generalista e diplomático em sua apresentação, Emília Campos, diretora jurídica, foi direto ao ponto dizendo que um dos principais objetivos da associação é atuar ativamente como um player importante na questão da regulamentação e reconhecimento oficial do negócio cripto/blockchain no Brasil:
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“O grande impasse que temos hoje é em relação à regulamentação e mais do que aguardar como isso vai acontecer, o que pretendemos é ter voz ativa neste processo mostrando para os reguladores as formas em que acreditamos que este processo deve ser conduzido e queremos liderar esta interlocução, por meio de diversas estratégias como encontrar o discurso correto, entre outros meios, e creio que este talvez seja um de nossos maiores motes no momento.”
Emília também salientou que não há um espírito de concorrência com a ABCripto, a Associação Brasileira de Criptomoedas, em desenvolvimento pelas maiores exchanges do Brasil, pelo contrário, segundo ela, nada impede que as instituições trabalhem juntas em busca do desenvolvimento das melhores práticas para o mercado, desde que haja uma convergência de interesses, o trabalho conjunto é possível e muito saudável para a implementação das melhores práticas cripto/blockchain no Brasil.