De acordo com o artigo publicado pela Bloomberg, agência de notícias norte-americana, em 12 de novembro, alguém transferiu quase 25 mil Bitcoins, que totalizavam o valor de cerca de US$ 159 milhões, para uma corretora de criptomoedas. O fato virou notícias entre os fóruns online, nos quais negociadores de Bitcoin discutiram se essa movimentação significava uma provável venda a ser executada pelo proprietário. Os detentores de grandes quantidades de Bitcoin são conhecidos como baleias e estão tornando-se uma preocupação para os investidores pois com suas altas quantidades do ativo eles podem facilmente manipular o mercado.
Cerca de 40% de todos Bitcoins já emitidos está, provavelmente, nas mãos 1.000 usuários, diz Aaron Brown, diretor de pesquisa de mercados financeiros da AQR Capital Management, empresa de gestão de investimentos norte-americana.
O preço atual da moeda digital pode fazer com que as baleias queiram vender parte de suas participações neste mercado. Além disso, juntas elas podem coordenar seus movimentos, uma vez que muitos dos grandes proprietários da moeda digital se conhecem há anos, desde quando eram ridicularizados por investir em um ativo que não tinha praticamente nenhum valor quando lançado. “Eu acho as baleias são algumas centenas de pessoas. E eles provavelmente podem juntar-se“, disse Kyle Samani, sócio da Multicoin Capital, fundo de investimentos em criptomoedas.
O fato do Bitcoin ser uma moeda digital, e não um ativo mobiliário, faz com que ele “não tenha nenhuma proibição em relação a um comércio em que um grupo possa se juntar para manipular o preço do ativo“, disse Gary Ross, advogado de valores mobiliários da Ross & Shulga, empresa de advocacia norte-americana.
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A regulação do mercado de criptomoedas ainda está sendo desenvolvida e muitas das regras ainda não estão totalmente claras. Se alguns traders não apenas pressionarem o preço, mas também entrarem em uma linha de espalhar rumores, isso pode ser caracterizado como fraude. A Bittrex, corretora de criptomoedas norte-americana, alertou recentemente aos seus usuários que suas contas poderiam ser suspensas caso eles se juntassem em grupos com o objetivo de manipular preços.
Quando questionado sobre o assunto, Roger Ver, um dos maiores detentores de Bitcoin, conhecido como o “Jesus do Bitcoin“, disse suspeitar que isso provavelmente aconteça (a união de pessoas para manipulação de preços) e que as pessoas devem ser capazes de fazerem o que quiserem com seu próprio dinheiro. “Eu ainda não tive tempo para coisas assim“, completou Ver.
“Como em qualquer classe de ativos, grandes detentores individuais e grandes detentores institucionais podem concordar em manipular preços“, escreveu Ari Paul, co-fundador da BlockTower Capital. “Nas criptomoedas essa manipulação é extrema por causa da juventude do mercado e da natureza especulativa dos ativos“, completou ele.
Como a maioria dos gestores de fundos de investimentos multimercado especializados em criptomoedas, Samani acompanha constantemente a atividade comercial de endereços que detêm grandes quantidades das moedas nas quais ele investe. Embora as transações sejam projetadas para serem anônimas, elas estão associadas a endereços codificados que podem ser vistos por qualquer um. Alguns fundos acabam comprando as participações de outros diretamente, sem entrar no mercado aberto para evitar afetar o preço da moeda. “Os investidores são, geralmente, próximos de outros investidores. Todos nós nos conhecemos e nos ajudamos. Todos queremos ganhar dinheiro“, diz Samani. Afinal, conforme confirmado anteriormente por Ross: reunir informações é legal.
Os investidores comuns, por sua vez, saem prejudicados. Apesar de poderem acompanhar os endereços com grandes quantidades da moeda digital e discutir os movimentos do mercado em fóruns como o Reddit, eles estão no escuro em relação aos planos e motivos das baleias. “Não há transparência para falar neste mercado“, diz Martin Mushkin, um advogado especialista em Bitcoin. “No negócio de valores mobiliários, tudo o que é material deve ser divulgado. No universo das criptomoedas é muito difícil descobrir o que está acontecendo“, completou.
A desvantagem que os investidores comuns possuem é ainda maior em criptomoedas menores. Os 100 principais endereços de Ethereum controlam 40% do seu mercado e em moedas digitais como Gnosis, Qtum e Storj, os principais detentores controlam mais de 90%, de acordo com Alex Sunnarborg, co-fundador do fundo investimentos multimercado de criptomoedas Tetras Capital. Muitos desses grandes proprietários fazem parte das equipes de desenvolvimento das criptomoedas.
Alguns argumentam que essa dinâmica não é diferente da que acontece em mercados mais estabelecidos. Outros investidores afirmam que as baleias não irão vender suas participações, porque eles têm fé no potencial de longo prazo das criptomoedas. Mas, à medida que os preços continuem a subir, a história pode mudar.