Um relatório da Sherlock Communications revelou que a Argentina se tornou o epicentro cripto na América Latina. De acordo com o relatório, o país conta com mais de 11 milhões de usuários envolvidos. Esse número reflete à alta inflação e a uma crescente tendência de adoção e uso de criptomoedas no país.
O estudo aponta para empresas como Ripio e Lemon, que acumulam mais de 8 milhões e 1,8 milhão de usuários, respectivamente. Somando-se a outras plataformas, a cifra totaliza mais de 11 milhões de argentinos engajados no mercado de criptomoedas.
Essa tendência não surge do vazio, mas é impulsionada por fatores econômicos significativos. A Argentina enfrenta desafios persistentes, como inflação crônica e restrições cambiais, o que leva muitos cidadãos a enxergarem as criptomoedas como uma alternativa confiável.
De fato, mais de meio milhão de freelancers no país já recebem pagamentos do exterior através desses ativos digitais.
Inflação na Argentina diminuiu
A inflação, uma preocupação constante na Argentina, fechou em 11% em março. Esse cenário faz com que as criptomoedas sejam vistas como uma forma de proteção contra as flutuações econômicas e como uma alternativa mais rentável em comparação com os investimentos tradicionais.
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No entanto, essa adoção em massa não é apenas uma resposta às dificuldades econômicas; também reflete uma mudança nas mentalidades em relação aos sistemas financeiros tradicionais. Protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) estão emergindo como uma opção viável, oferecendo taxas de juros atrativas que superam as oferecidas pelos bancos tradicionais.
Os argentinos estão entre os mais ativos no mercado latino-americano de criptomoedas, representando 31% dos investidores na região. Para muitos, o objetivo é proteger seu patrimônio da inflação e da instabilidade financeira, diversificar suas carteiras de investimento e garantir economias para o futuro.
Além disso, a possibilidade de lucro rápido e acesso fácil aos investimentos são fatores atrativos. Mais da metade dos argentinos entrevistados afirmaram ter obtido lucros com seus investimentos em criptomoedas, enquanto uma parcela significativa destacou a facilidade de acesso e a ausência de intermediários como vantagens.
Economia ainda é problemática
Enquanto isso, a queda da inflação na Argentina indica uma tendência positiva no primeiro trimestre do ano. Este declínio, impulsionado em parte pelos cortes de impostos, pode ser interpretado como um sinal de estabilização econômica, embora desafios persistentes permaneçam.
O governo argentino enfrenta pressões para implementar políticas que não apenas controlem a inflação, mas também estimulem o crescimento econômico. A possibilidade de adotar uma moeda digital emitida pelo Banco Central (CBDC) está em discussão, com opiniões divididas sobre os potenciais benefícios e riscos.
Enquanto isso, a questão cambial continua sendo uma preocupação central. Restrições ao comércio de moeda estrangeira levam muitos argentinos a recorrerem ao mercado informal, influenciando a volatilidade do dólar paralelo. Embora indicadores econômicos sugiram uma tendência de estabilização, desafios persistentes exigem medidas abrangentes e sustentáveis para garantir o crescimento econômico e a estabilidade financeira a longo prazo.
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