O juiz federal da Argentina Marcelo Martínez de Giorgi congelou bens relacionados ao escândalo da criptomoeda Libra, ligada ao presidente Javier Milei. A ordem de congelamento ocorreu após suspeitas de que o projeto realizou supostos “pagamentos indiretos a funcionários públicos”.
De acordo com notícia do Clarín, os pagamentos teriam sido feitos diretamente por Hayden Davis, CEO da Kelsier Ventures e um dos idealizadores do lançamento do token. Foi ao lado de Davis que Javier Milei tirou uma foto e publicou no seu perfil do X, dando audiência ao projeto.
Na denúncia, o juiz Georgi afirma que Davis transferiu US$ 507.500 através da corretora de criptomoedas Bitget apenas 42 minutos depois da publicaçnao da foto. Dessa forma, há suspeitas de que o presidente supostamente se beneficiou da ação.

Embora não haja provas concretas de que Milei ou algum associado seu recebeu pagamentos, o Ministério Público argentino sugeriu que isso “poderia constituir possíveis pagamentos indiretos a funcionários públicos”. De fato, Milei chegou a enfrentar uma CPI na Argentina após a repercussão do caso.
Como resultado, o tribunal ordenou o congelamento dos bens ligados a Hayden Davis, bem como aos dois suspeitos de serem intermediários, Favio Camilo Rodríguez Blanco e Orlando Rodolfo Mellino.
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O token LIBRA teve forte valorização após Milei publicar a foto junto com Davis. Só que o preço despencou poucas horas depois, causando prejuízos na ordem de US$ 250 milhões aos investidores. Milei depois afirmou que não tinha induzido ninguém a comprar o token.
Esquema sob investigação
O congelamento ocorreu em decorrência de um relatório técnico da Secretaria de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos Ilícitos e da Direção-Geral de Recuperação e Confisco de Ativos do Ministério Público. Ele permanecerá em vigor até a resolução do caso.
Lançada em fevereiro, a Libra foi apresentada como uma forma de financiar pequenos negócios na Argentina e promovida pelo presidente Milei nas redes sociais. Rapidamente, atingiu uma capitalização de mercado de bilhões de dólares antes de despencar 90% em questão de horas, com Milei apagando suas postagens em meio à confusão e ao caos resultantes.
O caso federal da Libra na Argentina está sendo conduzido em paralelo a um caso nos Estados Unidos, embora sigam caminhos diferentes. A Libra também está sob investigação nos Estados Unidos, onde o caso concentra-se no cofundador da Meteora, Benjamin Chow, como o mentor da operação.
Por outro lado, a Justiça argentina concentra-se nos papéis de Davis, dos lobistas argentinos Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy, e do presidente Milei.
Documentos revelados ao tribunal argentino alegam que, três meses antes do lançamento da Libra, Novelli e o presidente Milei conversaram sobre a criação de projetos que “monetizariam a imagem do presidente“. Novelli argumentou no documento que a imagem de Milei era um “ativo muito pessoal” que não violaria a lei de ética pública.

