Quando todos pensavam que a possível divisão da rede do bitcoin (BTC) já havia sido superada, eis que surpreendentemente surge com muita força a possibilidade de um novo hard fork, ou seja, uma divisão permanente na rede do token digital mais popular do mundo.
No próximo dia 1º de agosto, a comunidade poderá ver surgir uma ramificação do bitcoin, batizado de Bitcoin Cash (BCC) e que já vem sendo negociado na corretora ViaBTC como um ativo futuro, cotado a mais de US$440 por unidade.
Mas, afinal, o que é o Bitcoin Cash?
Anunciado no último sábado, dia 22 de julho, o BCC foi definido como “dinheiro eletrônico ponto a ponto [peer-to-peer electronic cash, em inglês] para a Internet, totalmente descentralizado, sem um banco central e que não requer uma terceira parte reconhecida para ser operado”. O pilar central do novo token reside justamente em uma fraqueza do Bitcoin original: sua capacidade de performar transações. O BCC nasceria com blocos de 8MB de capacidade, enquanto o BTC possui limite atual de 1MB para seus blocos de transação.
“Muita gente pensou que esta divisão da rede somente seria efetivada se o BIP148 (Proposta de Melhoria do Bitcoin 148) fosse ser implementado para dividir a rede. Em outras palavras, muita gente pensou que o Bitcoin Cash seria apenas uma ameaça crível para evitar uma divisão da rede ativada pelos usuários (User-Activated Soft Fork – UASF)”, escreveu o desenvolvedor Jimmy Song em uma postagem no Medium.
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O BCC foi criado pela pool de mineração chinesa Bitmain, que também se pronunciou oficialmente sobre o tema por meio de uma postagem em seu blog. Segundo a empresa, que é signatária do Acordo de Nova York, que obteve apoio maciço dos mineradores em torno da proposta de escalabilidade do bitcoin SegWit2X, ela vem observando atentamente o desenvolvimento da proposta e não descarta apoiar tanto o acordo firmado entre os mineradores para elevar de 1MB para 2MB o tamanho dos blocos da rede do bitcoin, como também apoiar o insurgente BCC.
Em entrevista a agência CoinDesk, o desenvolvedor do SegWit2X, Jeff Garzik, afirmou acreditar que “talvez 4% do haspower (poder de mineração) seja movido” para o BCC. “É essencialmente um token alternativo (altcoin), no qual cada detentor de bitcoin terá uma participação no novo token”, opinou Garzik, que vem recebendo duras críticas de parte da comunidade devido a sua intenção de promover uma divisão na rede do Bitcoin para aumentar o tamanho dos blocos de transação.
Como ter acesso aos seus BCC em caso de divisão da rede?
Como disse Garzik, aqueles que estiverem em controle da chave privada de seus bitcoins no momento da divisão da rede, prevista para ocorrer no dia 1º de agosto às 15h20 (horário de Brasília), poderão ter acesso a mesma quantidade de BCC. Contudo, é bom notar que muitas corretoras não darão suporte aos usuários que desejem fazer uso dos novos tokens. Até o momento, apenas a provedora de carteira em hardware Ledger afirmou que os usuários receberão automaticamente em suas carteiras o novo token. A populares corretoras Coinbase e Poloniex já anunciaram que poderão não dar suporte e talvez não permitir negociação do BCC em suas plataformas. No Brasil, as corretoras de moedas digitais ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o novo token, mas a tendência é que elas sigam o exemplo das corretoras internacionais.
Ainda existem muitas dúvidas no ar sobre o BCC, como por exemplo quem irá minerá-lo. No momento, resta aos usuários esperarem pelos próximos capítulos dessa longa e imprevisível novela que envolve as mudanças estruturais na arquitetura da rede do bitcoin.