Tem muita gente falando abobrinha sobre a impressora do FED e uma suposta inflação iminente na moeda mais forte do mundo (o dólar).
Ué – mas e aquela história de que, quanto mais dinheiro colocam no mercado, menos o dinheiro vale?
N Tipos de Inflação?
Inflação é comumente definida como um aumento generalizado nos preços em uma economia.
Isto pode ser medido de diversos jeitos. Nos EUA, o índice mais usado é o CPI. No Brasi, o IPCA. Ambos acompanham o preço médio de itens em uma cesta hipotética de bens de consumo.
Preços relativamente estáveis são objetivo de quase toda política monetária.
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Relativamente porque um certo nível de inflação “pode fazer bem” – promove o consumo (em detrimento da poupança), o que nutre o crescimento econômico.
Você tem incentivo para gastar dinheiro hoje se souber que ele terá menos poder de compra amanhã.
Se o dinheiro preserva 100% do seu poder de compra (ou, numa situação deflacionária, compra mais coisas amanhã do que compraria hoje), o incentivo pende para o lado da poupança.
Inflação pode aparecer quando:
- a base monetária aumenta (o crescimento na oferta de dinheiro suprime o valor deste);
- a demanda supera a oferta de bens (poder aquisitivo sobe em descompasso com a capacidade produtiva);
- custos de insumos (energia; combustível) aumentam, encarecendo produtos;
- a inércia psicológica prolonga o impacto de tendências inflacionárias anteriores (esse fator é delicado – quem se lembra da URV, o dinheiro de mentira que salvou o Brasil?).
Trata-se, portanto, de uma dança complexa de fatores.
Por que o “Tiozão Economista” Está Errado
É leviano projetar cenários a partir de um só destes fatores (ex: “imprimir dinheiro leva à inflação!”).
Não é errado assumir que a expansão da base monetária (via crédito bancário) distorce relações de preço. No entanto, se ela for compensada pela redução na demanda por bens, ou pelo ganho de produtividade na indústria, a inflação pode acabar não se movendo um pingo sequer.
Este é um exemplo ilustrativo. Ex-ante, é difícil apontar causalidade entre estes fenômenos. Muitas vezes, o máximo que dá pra fazer é aproximar explicações para a dança dos preços ao se debruçar sobre a história econômica de uma era – ex-post.
Nos anos 20, nos EUA, preços permaneceram relativamente estáveis, mesmo com uma expansão monetária vertiginosa no fim da década prévia (para bancar a participação na guerra).
A maior oferta de dinheiro foi compensada pelos ganhos de produtividade (que reduzem custos de produção). Foi nesta década que a eletricidade, o automóvel e a linha de montagem Fordiana começaram a ser adotadas em massa.
Em 2007/2008, críticos do afrouxamento monetário promovido pelo FED alegavam que a inflação no dólar era inevitável – mas ela atingiu pico em 2008 e caiu persistentemente nos anos seguintes (veja abaixo).
Forças Opostas em Conflito
O cenário macroeconômico, hoje, opõe forças deflacionárias a inflacionárias:
1. Testemunhamos um aumento sem precedentes da base monetária;
2. que (ainda) não se manifestou em queda no poder aquisitivo do dólar;
3. em meio a um cenário recessionário – ninguém sabe ao certo quando o consumo retornará a níveis pré-Corona.
A demanda global por dólares é tão alta que tem permitido ao FED continuar expandindo seu balanço sem acarretar na desvalorização da moeda. Mesmo com os motores à toda força, ele vem injetando menos liquidez no seu mercado que os outros dois bancos centrais mais relevantes do plenta (BOJ e ECB).
Também há de se levar em conta que, durante uma crise, empresas quebram, suas dívidas não podem ser pagas, e muito dinheiro (na forma de crédito) é efetivamente destruído. A oferta de dinheiro diminui – mesmo que para mantê-la estável, o FED precisa “imprimir mais”.
O Que Pensa o Mercado?
Você deve vir ouvindo prognósticos variados sobre a inflação.
Nossa sorte é poder consultar um oráculo que agrega as opiniões de todos e nos dá uma medida coletiva da expectativa. Este oráculo se chama mercado.
E não vem precificando inflação num futuro próximo.
Não significa que está certo, necessariamente. O mercado não é infalível.
Às vezes, é preciso um catalisador para trazer a inflação de volta – como uma ênfase renovada em políticas populistas; ou a inauguração de novas vias para despejar dinheiro sobre o povo.
Não Existe “Inflação Neutra”!
Não existe inflação neutra. A economia global jamais se cristaliza.
O crescimento nunca acontece na mesma velocidade em todos os setores. Ele passa pela realocação de recursos – de setores desacelerados para os que estão se expandindo mais rapidamente.
De forma parecida, a inflação é sempre relativa: o poder de compra que um ativo perde é absorvido por outro.
O DXY, por exemplo, mede a força do dólar contra uma cesta de outras moedas soberanas. A “moeda mais forte” pode não escapar da inflação – basta que infle mais devagar que seus pares.
Portanto, perguntar-se “se a inflação está chegando” é menos importante do que se questionar: “onde”?
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