A inflação nos Estados Unidos atingiu seu maior nível em quase 30 anos. E com a possibilidade de novos aumentos, o efeito pode se estender para a bolsa brasileira. Setores como tecnologia e até o varejo podem ser afetados, levando a cotação dessas ações a ter fortes perdas.
Para analistas ouvidos pelo Valor Investe, também há espaço para empresas se beneficiarem da inflação. E essa pode ser a oportunidade de ações como Petrobras e Banco do Brasil.
Ações que podem ser afetadas
Para Flávio Conde, analista da Inversa, as ações de tecnologia tendem a ser as mais afetadas. O setor ainda é visto como de alto risco, tanto nos EUA quanto no Brasil.
A Magazine Luíza (MGLU3) está entre aquelas que podem sofrer correções. Ela não é exatamente uma empresa de tecnologia, mas possui múltiplos muito elevados, no mesmo nível de empresas do setor.
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“Ela oferece múltiplos perto de 100, em níveis semelhantes às ações de tecnologia do exterior. A Magalu é o grande caso de sucesso não só do e-commerce nacional, mas do mercado brasileiro. Só que a cotação já precifica muita coisa boa. Com isso, parte dos lucros estão sendo realizados, o que pode impactar o preço da ação”, explicou.
Caso os juros subam nos EUA, os investidores podem começar a retirar dinheiro do Brasil. A saída de dólares pode impactar a cotação do real, desvalorizando nossa moeda.
Nesse caso, a inflação brasileira também pode subir – e ela já está em patamares elevados. Neste cenário, papéis de setores que dependem do consumo dos brasileiros podem sofrer.
O setor de minério de ferro também é um dos riscos apontados. Embora as commodities estejam em alta, as ações dessas empresas tiveram forte valorização. A Vale (VALE3), por exemplo, já se valorizou 140% nos últimos 12 meses.
Caso haja uma forte alta de juros, a correção pode afetar as empresas com múltiplos elevados. Nesses casos, comprar uma boa empresa pode sair mais caro do que o previsto.
Empresas que podem se beneficiar
Por outro lado, a inflação pode beneficiar outros setores da economia brasileira. É o caso de empresas cuja cotação já caíram bastante, como o caso da Petrobras (PETR3).
A ação opera no vermelho desde fevereiro, em parte por causa das ingerências do governo na estatal. Essa subvalorização tende a oferecer um potencial maior de retorno ao papel.
Outro aspecto é o fato do petróleo ser uma commodity, o que pode fazer a empresa se beneficiar de um ciclo de alta do produto. Assim, a inflação das commodities acabaria sendo benéfica para a petrolífera.
Os grandes bancos também são vistos com potencial para ter fortes ganhos neste cenário. Com inflação alta e subida de juros, os lucros dessas empresas tendem a subir.
“Após terem sido impactados pela redução dos juros, uma vez que os juros baixos propiciaram maior oferta de crédito e mais competitividade, os bancos podem se beneficiar de um ciclo de alta da Selic”, afirma Paloma Blum, analista da Toro Investimentos.
O Banco do Brasil (BBAS3) é uma das apostas da analista. Embora estejam no vermelho em 2021, as ações do banco acumulam 12% de alta no mês de maio.
Sua carteira de crédito é exposta basicamente ao setor público, o que diminui o risco de calotes nos empréstimos. Assim, o banco se transforma num porto seguro para os investidores em uma eventual crise.
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