Os mercados de cripto iniciaram a semana com sinais mistos, mas um padrão se destacou claramente: o apetite por proteção voltou a ganhar força. Tokens lastreados em Ouro atingiram máximas históricas ao mesmo tempo em que o Bitcoin subiu, impulsionado por um dólar mais fraco e por ganhos no setor de tecnologia.
O movimento reforça a leitura de que, mesmo com liquidez melhorando, investidores continuam priorizando ativos defensivos, enquanto a tomada de risco segue contida.
Ouro dispara e leva tokens lastreados junto
O avanço do ouro físico para novos recordes elevou também os criptoativos lastreados no metal, tradicionalmente vistos como porto seguro. Tether Gold (XAUT) saltou para US$ 4.425, seu maior valor histórico. PAXG e KAU seguiram a tendência e impulsionaram o valor total dos tokens lastreados em ouro para US$ 4,38 bilhões.
Para analistas, o recado é direto. “Os investidores ainda estão protegendo incertezas macro, não apostando agressivamente em risco“, afirmou Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN. Ele reforçou que essa divergência limita a empolgação com cripto, ainda que as condições de liquidez venham melhorando.
O Bitcoin, frequentemente apelidado de “ouro digital”, também se beneficiou do ambiente. A criptomoeda avançou para US$ 90.000, acompanhando a queda do índice do dólar e a alta de ações de tecnologia na Ásia, especialmente TSMC e Samsung, que ajudaram a reduzir temores sobre uma bolha de IA.
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora
Apesar disso, especialistas alertam que uma recuperação mais sólida exigirá retomada do interesse institucional, que parece ter esfriado. Na última semana, produtos de investimento digitais tiveram saída líquida de US$ 952 milhões, a primeira em quatro semanas, segundo CoinShares.
Derivativos mostram mercado cauteloso
O segmento de derivativos confirma que o mercado ainda opera com prudência. A liquidez melhora em alguns pontos, mas sem sinais claros de forte tomada de risco.
- BTC, ETH, HYPE e BNB registram leves altas em open interest.
- Bitfinex mostra aumento de longs alavancados, típico de mercados de baixa prolongados.
- Volatilidade implícita de 30 dias no BTC segue em 45%, indicando negociações mais “sonolentas” no fim do ano.
- No CME, o open interest de futuros de BTC caiu abaixo de 120 mil BTC, refletindo menor participação institucional.
- BCH, SHIB, WLFI e TON exibem funding negativo, indicando viés vendedor.
No geral, puts seguem mais caros que calls, embora o prêmio das opções de venda tenha diminuído desde sexta-feira (19).
Curve Dao rejeita nova alocação para desenvolvimento
No setor de governança, a Curve DAO votou e rejeitou a proposta de enviar 17,45 milhões de CRV (cerca de US$ 6,3 milhões) para a Swiss Stake AG, liderada pelo fundador Michael Egorov. A medida recebeu 54,46% de votos contrários.
Mesmo assim, o token CRV subiu cerca de 4% nas últimas 24 horas, superando o desempenho do mercado mais amplo.
A oposição foi impulsionada por carteiras ligadas à Yearn Finance e à Convex Finance, que responderam por quase 90% dos votos contrários. Membros da DAO alegaram falta de transparência na prestação de contas anterior.
“A comunidade merece uma lista detalhada de despesas antes de aprovar novos recursos“, escreveu um participante.
Os próximos dias indicarão se a alta do Bitcoin e o avanço dos tokens lastreados em ouro representam o início de uma mudança estrutural no mercado ou apenas um ajuste temporário em meio à volatilidade persistente.

