O Bitcoin inicia a semana com uma alta firme de 3% durante a madrugada e retorna à região de US$ 92 mil. O movimento acontece depois de um fim de semana marcado por baixa volatilidade, mas ganha força na abertura dos mercados globais graças ao aumento das expectativas sobre um possível corte de juros pelo Federal Reserve ainda nesta semana.
A alta ganhou impulso com novos sinais de acumulação institucional, que voltaram a dominar o sentimento do mercado. A listagem da Twenty One Capital na NYSE, prevista para 9 de dezembro, chamou a atenção dos investidores porque a empresa detém 43.034 BTC e movimentou grandes valores recentemente, indicando preparação para uma presença no mercado regulado.
Em paralelo, a parceria entre DDC Enterprise e Animoca Brands, anunciando um fundo de US$ 100 milhões para estratégias de tesouraria em Bitcoin, reforçou a percepção de que a demanda institucional segue em alta, mesmo diante das saídas de ETFs que já somam mais de US$ 16 bilhões no último mês.
Do lado técnico, o Bitcoin reagiu após romper a resistência de US$ 88.500, ponto em que encontra a média móvel exponencial de 100 dias. Esse rompimento acionou compras automáticas e ajudou o preço a acelerar durante a madrugada. O histograma do MACD voltou ao campo positivo, sugerindo um possível retorno do momentum de alta.
No entanto, o ativo enfrenta uma forte barreira na faixa de US$ 92.800, marcada pela média móvel de 50 dias. Uma quebra limpa desse nível poderia abrir caminho para o próximo objetivo relevante no Fibonacci de 23,6%, próximo de US$ 101.110. Por outro lado, uma queda abaixo de US$ 85.200 colocaria o mercado novamente em risco de testar as mínimas de abril, como alerta o analista Mike Ermolaev.
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Bitcoin hoje

A mudança de humor no mercado também foi influenciada por declarações de nomes conhecidos do setor. O investidor Mike Alfred afirmou que o Bitcoin poderia alcançar US$ 315 mil, impulsionado por um “tsunami de liquidez” de fundos institucionais. Além disso, um relatório da Bitwise revelou que a Universidade de Harvard agora possui uma alocação em BTC duas vezes maior que sua posição em ETFs de ouro, reforçando a tese de migração institucional em direção ao ativo.
O cenário macroeconômico reforça a movimentação. Segundo André Franco, CEO da Boost Research, os mercados asiáticos iniciaram o dia em tom cauteloso, enquanto os investidores aguardam a decisão do Fed sobre o corte de 25 bps. O dólar estabilizou após quedas recentes, os rendimentos dos títulos dos EUA subiram levemente e commodities como petróleo e metais registraram valorização moderada diante das expectativas de estímulo global. Para Franco, o impulso no Bitcoin tende a ser mais gradual que explosivo, já que boa parte do cenário positivo já está precificada.
Um relatório da BingX destacou a entrada líquida de US$ 90 milhões em stablecoins na última semana, um movimento que indica retorno de capital ao mercado cripto. O crescimento, puxado por produtos DeFi focados em rendimento, fortaleceu a liquidez disponível para novas compras. Stablecoins como PYUSD e USDC também registraram expansão significativa no mês.
No entanto, o setor ainda demonstra cautela após episódios recentes de perda de paridade em algumas stablecoins descentralizadas, o que aumentou a busca por ativos mais robustos e totalmente colateralizados.
Decisão do FED
Contudo, tudo pode mudar na próxima quarta-feira. A decisão de juros do Fed e o discurso posterior de Jerome Powell devem definir o rumo dos ativos de risco nas próximas semanas. Uma postura mais dovish poderia liberar força compradora, mas qualquer sinal de hesitação sobre cortes de juros pode gerar pressão imediata.
Os dados on-chain continuam a apoiar a perspectiva de alta. Os saldos de BTC depositados em exchanges seguem em níveis historicamente baixos, o que reduz a oferta disponível para venda. Em contraste, a circulação de stablecoins aponta para um ambiente com liquidez pronta para ser ativada. Mesmo assim, riscos permanecem: grandes saídas de ETFs ou influxos de BTC enviados por baleias às exchanges podem sinalizar intenção de venda.
Em relatório enviado ao Cointelegraph Brasil, Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN, afirmou que o ambiente atual exige prudência. “O cenário está construtivo abaixo da superfície, porque grandes carteiras estão acumulando e o estoque nas exchanges permanece historicamente baixo”, disse o analista. Porém, ele destacou o risco de oscilações bruscas antes da decisão do Fed. “O entusiasmo do varejo aumenta a probabilidade de movimentos abruptos”, completou.
Misir recomenda uma postura estratégica. “É uma semana para operar taticamente”, explicou. “Preserve liquidez, aumente posições apenas quando houver demanda clara no mercado à vista e use o evento do Fed para reforçar proteções.” Segundo ele, somente um rompimento firme da faixa entre US$ 95 mil e US$ 106 mil confirmaria uma tendência real de alta.


