O investidor brasileiro está encontrando na própria bolsa de valores uma forma prática e regulada de apostar no mercado de criptoativos. E um ativo em específico tem chamado a atenção pelo volume estrondoso de negócios: as ações internacionais da Strategy (M2ST34), negociadas na B3 por meio de BDRs. Esses papéis são certificados que representam ações de empresas estrangeiras, permitindo que sejam negociadas diretamente na bolsa brasileira, em reais.
Nos últimos 12 meses, esse investimento, que dá acesso à maior detentora corporativa de Bitcoin do mundo, figurou entre os cinco ativos mais negociados de toda a bolsa brasileira, ficando atrás apenas de gigantes como Tesla, Nvidia, Mercado Livre e Nubank.
A impressora laranja de dinheiro
A Strategy, antes conhecida como MicroStrategy, é um dos casos de maior sucesso de integração entre mercados de capitais tradicionais e criptomoedas. Sob o comando do cofundador Michael Saylor, a companhia executou uma mudança radical de estratégia corporativa a partir de 2020. Em meio a crise pandêmica da COVID, a empresa decidiu alocar a maior parte de seu caixa livre em um único ativo: o Bitcoin.
Em pouco mais de cinco anos, a Strategy passou de uma empresa de software do interior dos Estados Unidos para uma das companhias de maior destaque no mercado financeiro global, figurando inclusive em índices proeminentes como o Nasdaq 100. Essa transformação a tornou a maior “Bitcoin Treasury Company” do mundo, um modelo de negócio no qual o valor de mercado da empresa está intrinsecamente vinculado ao desempenho da criptomoeda.
O sucesso da estratégia foi tamanho que o caixa operacional ficou pequeno para a ambição da empresa. Para financiar suas aquisições, ela passou a utilizar instrumentos do mercado de capitais de forma inovadora, emitindo dívida e até mesmo lançando ofertas de ações ordinárias (follow-ons) atreladas explicitamente à compra de Bitcoin.
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Bitcoin na B3
Essa máquina de acumulação angariou bilhões de dólares, resultando em um tesouro que hoje soma aproximadamente 650 mil Bitcoin. Representa quase 3% de toda a oferta do BTC, cerca de 1,8% de toda a riqueza do mercado cripto. Com isso, apenas comprando Bitcoin, a Strategy atingiu um valor de US$ 67 bilhões.
É justamente o sucesso dessa aposta radical da Strategy, e a performance do Bitcoin nesse ciclo, que tem atraído o volume para seus BDRs na B3. A cotação do papel funciona como um “proxy” com alavancagem para o preço da criptomoeda, amplificando ganhos (e perdas) nos ciclos de alta.
Ao comprar um BDR da Strategy na B3 (código M2ST34), o investidor brasileiro está, na prática, comprando uma pequena parte dessa gigantesca aposta no Bitcoin. Porém, com toda a praticidade, segurança e regulamentação do mercado de capitais local.
Um mercado em expansão na B3
O fenômeno se insere em um movimento mais amplo de expansão. Desde a estreia do primeiro ETF de criptoativos (HASH11) em 2021, a oferta de produtos regulados na B3 saltou de forma consistente. Totalizando, atualmente, 35 diferentes itens na prateleira, entre ETFs, BDRs, contratos futuros e ações de empresas com Bitcoin no caixa. Apenas em 2025, foram lançados 16 novos veículos.
“Os produtos listados na B3 são um caminho natural para quem quer exposição ao setor sem as complexidades do universo cripto nativo, como custódia e carteiras digitais”, explica Gustavo Cunha, planejador financeiro da Fintrender.
A demanda crescente está moldando a própria infraestrutura do mercado. Segundo Marcos Skistymas, diretor de Produtos da B3, o lançamento de produtos regulados “começou de forma gradual, observando o comportamento dos investidores e a liquidez dos produtos”. O próximo passo nessa evolução será a ampliação do horário de negociação para esses ativos digitais. A expectativa é que esse mercado passe a funcionar das 8h às 20h a partir do início de 2026.

