Durante a PlanB Conference, realizada em Lugano, na Suíça, o empresário Rocelo Lopes, fundador da Truther e um dos pioneiros do Bitcoin no Brasil, fez um alerta direto aos entusiastas da criptomoeda: “não use Bitcoin para pagar um café”.
Lopes argumenta que o Bitcoin nasceu para ser uma reserva global de valor, e não uma moeda para transações diárias. Segundo ele, gastar Bitcoin agora é como abrir mão de uma fortuna futura.
“Sempre que vejo alguém pagando um café com Bitcoin, eu digo: não façam isso! Não sejam o ‘pizza guy’. Guardem seus Bitcoins. Quem gasta hoje pode acabar pagando dez mil dólares por um café amanhã”, afirmou.
O executivo lembrou o famoso caso do programador que, em 2010, usou 10 mil Bitcoins para comprar duas pizzas, valor que hoje equivaleria a centenas de milhões de dólares.
“O preço do Bitcoin vai subir, sem dúvida. A questão é quando isso vai acontecer. Então, gastar Bitcoin agora é desperdiçar o que pode ser uma fortuna no futuro”, completou.
Lopes explicou que as stablecoins surgiram justamente para resolver esse dilema. Ele defende que o uso de moedas estáveis, como o USDT, é o caminho mais racional para pagamentos do dia a dia.
“O Bitcoin é uma ferramenta de liberdade e aprendizado, mas as stablecoins são o caminho para a adoção em massa”, disse.
O empresário descreveu as stablecoins como o “Cavalo de Troia” das criptomoedas, por estarem levando o universo cripto ao sistema financeiro tradicional.
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“No ano passado, falei sobre isso com Paulo Ardoino e Samson Mow. Hoje, todo mundo discute stablecoins. Elas representam o futuro”, destacou.
Devo gastar meu Bitcoin?
De acordo com Lopes, o avanço já é visível. Bancos e fintechs no Brasil — como Nubank e Itaú — começaram a integrar stablecoins em seus aplicativos.
“A primeira fase foi trazer as stablecoins para as fintechs. Agora, elas estão chegando aos apps bancários e permitindo pagamentos instantâneos”, explicou.
Ele afirma que o próximo passo será usar stablecoins para gerar liquidez nos mercados tradicionais, em operações como empréstimos e remessas internacionais. No entanto, há desafios. A privacidade continua sendo um dos principais obstáculos.
“Os bancos centrais não aceitam modelos em que uma pessoa consiga ver o saldo de outra. Esse é o ponto mais sensível”, alertou.
Para superar essa barreira, Lopes aposta em tecnologias como Liquid e Plasma, já utilizadas no Brasil por cinco bancos para desenvolver contas digitais em dólar.
“Com essas soluções, as instituições podem emitir stablecoins sem licenças complexas e entregar a chave privada ao usuário, garantindo autonomia total”, explicou.
Desse modo, o empresário acredita que os bancos tradicionais serão a porta de entrada para a nova economia digital. “A ironia é que quem mais resistiu às criptomoedas pode acabar ajudando na adoção em massa”, afirmou.
Dados do Banco Central reforçam essa tendência: 90% do volume cripto no Brasil vem de stablecoins. Além disso, o ex-presidente da instituição, Roberto Campos Neto, já reconheceu que o avanço dessas moedas é inevitável e global, com crescimento acima de 200% ao ano em alguns mercados.
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