A Eletrobras confirmou que vai iniciar a mineração de Bitcoin na Bahia. O movimento reforça o papel do estado como polo estratégico para operações que utilizam energia renovável.
Nos últimos anos, a Bahia acumulou excedente de eletricidade limpa, resultado do avanço acelerado da energia eólica e solar. Esse excesso chegou a custar quase US$ 1 bilhão às companhias do setor, já que parte da produção não conseguiu ser transmitida. Agora, mineradores enxergam no Brasil a oportunidade de transformar desperdício em negócio rentável, ajustando suas operações à disponibilidade da rede.
De acordo com a empresa, ela iniciou um projeto piloto de mineração na Bahia que conecta máquinas de mineração ASIC a uma microrrede formada por turbinas eólicas, painéis solares e baterias de armazenamento. Segundo Juliano Dantas, vice-presidente de inovação da companhia, o objetivo é entender o funcionamento da atividade e preparar o terreno para o mercado de data centers.
Ele afirmou que a estratégia combina inovação com eficiência energética.
“Queremos aprender de perto como esse ecossistema opera e identificar oportunidades para transformar energia limpa ociosa em valor econômico real”, disse.
O projeto surge em paralelo ao investimento de US$ 200 milhões da Renova Energia, que desenvolve seis data centers na região com capacidade instalada de 100 megawatts.
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Minerar Bitcoin no Brasil
O interesse não se limita à Eletrobras. Empresas como Tether, Enegix e Bitmain já negociam operações no Nordeste, confirmando que a Bahia começa a disputar posição de destaque no mapa global da mineração. A Enegix, do Cazaquistão, avalia instalar data centers móveis conectados a usinas renováveis, enquanto a Bitmain estuda oportunidades com parceiros locais.
Advogados que acompanham as negociações descrevem os mineradores como “diamantes para o setor elétrico”, pela capacidade de absorver grandes volumes de produção. Companhias como Casa dos Ventos, Atlas Renewable Energy e Engie Brasil também avaliam como monetizar a energia excedente.
Apesar do otimismo, especialistas reconhecem que a falta de regulamentação específica para mineração de criptomoedas no Brasil gera incertezas. Questões ligadas ao uso de água em regiões com estiagens e à infraestrutura de transmissão ainda representam obstáculos.
Mesmo assim, executivos defendem que o potencial energético do país é único. Bruno Vaccotti, da Penguin, empresa paraguaia do setor, destacou que o processo exige esforço, mas que a escala de energia limpa disponível torna o Brasil altamente atrativo.