Em uma acusação que eleva o risco de uma nova escalada de tensões no Oriente Médio, o governo de Israel publicou uma lista de 187 endereços de criptomoedas supostamente ligados ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) do Irã. A nova investida ocorre meses depois de os dois países travarem um conflito bélico que deixou centenas de mortos e milhares de feridos de ambos os lados.
De acordo com o Escritório Nacional para Financiamento do Contra-Terrorismo de Israel (NBCTF), os endereços receberam um total de US$ 1,5 bilhão em USDT (Tether) para evadir sanções internacionais.
No entanto, a alegação do governo israelense vai de encontro com as informações da empresa de análise blockchain que forneceu os dados. A Elliptic, cujo relatório é a base da acusação, deixou em aberto essa possiblidade.
A empresa disse que não pode afirmar que todos os US$ 1,5 bilhão estão diretamente ligados ao IRGC. Isso porque muitos dos endereços listados provavelmente pertencem a exchanges ou serviços de criptomoedas, e não à Guarda Revolucionária diretamente. Isso significa que os fundos podem incluir transações de diversos clientes dessas plataformas, inflando significativamente o valor real sob controle iraniano.
Uso de stablecoins para burlar sanções
Apesar da contradição, a acusação teve um efeito prático imediato. A Tether, emissora do USDT, já congelou 39 das carteiras listadas, imobilizando cerca de US$ 1,5 milhão. A ação demonstra a eficácia da ferramenta de blacklist da empresa. Por outro lado, levanta questões sobre a precisão da medida. Afinal, parte desses endereços congelados podem ser de intermediários.
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O caso é a mais recente investida em uma longa série de ações contra o Irã. Em junho, Israel atacou o Irã sob a alegação de que os iranianos estavam desenvolvendo um programa nuclear. Os Estados Unidos se uniram ao aliado no Oriente Médio e bombardearam laboratórios de enriquecimento de urânio de iranianos. Como retaliação, o Irã atacou a capital Tel Aviv e bases norte-americanas na região.
No front digital, um grupo de hackers apoiadores de Israel roubaram US$ 90 milhões de uma corretora de criptomoedas iraniana Nobitex. Segundo informes divulgados à época, a corretora tinha ligações com a Guarda Revolucionária Iraniana.
Além disso, recentemente, o Departamento de Justiça dos EUA apreendeu centenas de milhares de dólares em criptomoedas de um iraniano acusado de trabalhar para o IRGC. No ano passado, o Tesouro dos EUA confiscou US$ 300 milhões de stablecoins de carteiras ligadas à Guarda Revolucionária do Irã.