Após intenso rali de mais de um ano, os investidores dos Estados Unidos parecem estar perdendo interesse no Bitcoin. Dados do Google Trends revelam que o volume de buscas pelo termo “Bitcoin” nos Estados Unidos caiu para o menor patamar em 11 meses, nível não visto desde outubro de 2024.
Esta apatia do mercado minoritário, paradoxalmente, pode representar uma janela de oportunidade para acumulação antes de uma eventual retomada de interesse.
Nos últimos meses, com a eleição do primeiro presidente favorável as criptomoedas da histórica dos Estados Unidos, o Bitcoin dominou a cena no debate econômico e político no país. O fato fez o ativo digital atingir máximas históricas com grande apoio do capital institucional de Wall Street.
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Interesse em ouro físico
Entretanto, nas últimas semanas, o ativo entrou em rota de correção e o ouro voltou a ser um dos ativos que mais se valorizaram, superando o próprio Bitcoin em desempenho. Desde janeiro, o metal acumula valorização de 38%, enquanto o Bitcoin registra alta mais modesta de 18%.
“Esta divergência reflete mudança fundamental na psicologia do investidor, que prioriza segurança em vez de especulação em meio à elevada incerteza macroeconômica”, explica Derek Lim, da Caladan.
Enquanto o Bitcoin permanece estagnado desde maio, negociando próximo aos US$ 111.565, o ouro disparou para US$ 3.613.
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O cenário econômico dos EUA está repleto de dúvidas. Donald Trump intensifica guerras comerciais, impondo tarifas de até 25% a mais de 90 países, enquanto pressiona agressivamente o Fed por cortes de juros. Simultaneamente, o dólar registra quedas consistentes, com o índice DXY recuando 7,97% entre janeiro e julho de 2025.
Shawn Young, analista-chefe da MEXC, observa que o interesse no Bitcoin é “cíclico” e impulsionado por “picos de atenção do varejo”. Já a força do ouro seria alimentada por “expectativas de cortes de juros pelo Fed, fraqueza do dólar e compras de bancos centrais”.
Bitcoin deve seguir ouro
Analistas destacam um padrão histórico interessante: fortes altas do ouro frequentemente precedem movimentos explosivos do Bitcoin.
“O ouro geralmente se move primeiro, e então o Bitcoin segue e supera”, afirma Lawrence Lepard, da Equity Management Associates.
Matthew Sigel, da VanEck, ecoa esse sentimento: “cada rally do ouro aciona o mesmo padrão: o Bitcoin dispara com mais força”. Lepard prevê que uma ruptura do ouro acima de US$ 3.500 seria “prelúdio para Bitcoin a US$ 140.000”.
Especialistas identificam os cortes de juros do Fed como potencial gatilho para renovar o apetite por risco e favorecer o Bitcoin. Lim prevê o Bitcoin entre US$ 120.000 e US$ 150.000 em 2025, enquanto Young projeta até US$ 250.000 em um cenário favorável.
Por enquanto, contudo, os traders mostram-se céticos. Quase 60% no mercado de previsão Myriad, um dos mais populares protocolos de previsão e trading da web3, apostam que o ganho percentual do Bitcoin até o final de 2025 não superará os de valorização do ouro.
Caso as coisas continuem como estão, de fato é pouco provável que isso ocorra. É preciso uma virada de chave no cenário norte-americano para que o Bitcoin volte a subir e atraia investidores que estão em busca de ouro.