Em meio ao caos econômico, o Bitcoin (BTC) está se mantendo relativamente estável. Por enquanto, a criptomoeda se mantém na região entre US$ 18.000 e US$ 20.000. E por isso, a volatilidade do BTC voltou a ficar abaixo da volatilidade do S&P 500.
De acordo com a empresa de análise de criptomoedas Kaiko, a relação é medida pela volatilidade realizada em 20 dias do Bitcoin, uma métrica que mede as mudanças diárias no preço do BTC. O índice de volatilidade do BTC caiu muito abaixo do Nasdaq 100 e também do S&P 500.
Como resultado, o BTC registra menos volatilidade que o mercado de ações dos Estados Unidos pela primeira vez em dois anos. A última vez que isso aconteceu foi no último trimestre de 2020, pouco antes do BTC voltar a quebrar a barreira de US$ 20.000.
Volatilidade do Bitcoin, Nasdaq e S&P 500. Fonte: Kaiko.
Em outras palavras, o preço do BTC oscilou menos nas últimas três semanas. Isso, por sua vez, tornou a criptomoeda menos instável, apesar do cenário global ainda estar desafiador. Pouco antes do período de 20 dias em questão, a volatilidade nos mercados de criptomoedas e ações atingiu a máxima de 40 anos.
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Dados externos ainda preocupam
Nesta sexta-feira (21), o mercado estimou que os índices de inflação devem seguir elevados nos EUA. Os dados apontam que a escalada dos preços deve continuar ao longo de 2023, embora o Federal Reserve (Fed) siga aumentando juros.
Com isso, muitos economistas esperam que a taxa de juros nos EUA ainda vá aumentar. O Fed já aumentou as taxas em 0,75% três vezes este ano, a primeira das quais foi a mais acentuada desde 1994. E a tendência é que haja um novo aumento de 0,75% na próxima reunião, entre os dias 1 e 2 de novembro.
A Kaiko também diz que a diferença entre as leituras de volatilidade de 30 e 90 dias para o BTC e ações vem diminuindo desde a segunda quinzena de setembro. Tanto o Nasdaq 100 quanto o S&P 500 caíram cerca de 10% desde o início daquele mês, mas o BTC caiu menos de 5% no mesmo período.
Esta é a primeira vez desde outubro de 2020 que o Bitcoin é menos volátil que o Nasdaq. É também a primeira vez desde agosto de 2020 que a maior criptomoeda do mundo está mais estável que o S&P 500.
Entenda os números
A diretora de pesquisa da Kaiko, Clara Medalie, disse que “a volatilidade do BTC está caindo desde o início de julho”, que é a época em que a indústria começou a fazer um balanço da crise de liquidez que surgiu após o colapso do ecossistema terra.
Os volumes de negociação de criptomoedas permaneceram estáveis, apesar da baixa volatilidade, o que sugere que a atividade de negociação permaneceu consistente. Por outro lado, as ações tiveram aumentos de volatilidade “devido a uma série de fatores, incluindo altas taxas de juros, valorização do dólar, inflação persistente, crise de energia e guerra”.
Medalie também disse que apesar de o BTC estar longe da sua máxima de preço, a criptomoeda volta a agir como uma espécie de amortecedor contra incertezas macroeconômicas. Com a alta volatilidade atingindo até mesmo os títulos de dívida, o BTC é um dos poucos ativos estáveis nos últimos meses.
“A divergência na atividade do mercado para as duas classes de ativos sugerem que as criptomoedas são mais resistentes aos recentes eventos, macro indutores de volatilidade”, disse Medalie.
De acordo com o IntoTheBlock o coeficiente de correlação atual do BTC com o Nasdaq e o S&P 500 está em torno de 0,3. Quanto mais próximo esse valor estiver de zero, menor será a correlação. Quanto mais próximo de 1, mais os mercados estão correlacionados.
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