O que é exatamente uma ação barata ou cara? Será que apenas o preço do papel serve para responder essa pergunta? Grande parte dos analistas concorda que não, apesar de haverem discordâncias sobre a definição de barato ou caro.
Nesse sentido, além do preço da ação, é preciso analisar os fundamentos de uma boa companhia antes de investir. Os analistas Felipe Fernandes, chefe de análise da Flip Investimentos, Murilo Breder, da Easynvest by Nubank, falaram a respeito dessas características durante entrevista ao portal InvestNews.
Preço x Valor
Warren Buffett, em uma de suas clássicas frases, argumenta: “preço é o que você paga. Valor é o que você recebe.” Breder faz uma distinção semelhante. Enquanto o preço é definido pela cotação do ativo, aquele que aparece quando olhamos a ação no home broker, o valor de uma ação é o que a companhia pode oferecer de retorno ao investidor. Esses retornos são provenientes de vários meios, como:
- Potencial de valorização da ação;
- Dividendos pagos pela empresa;
- Crescimento da empresa;
- Expectativa de retorno ao acionista;
- Recompras de ações, entre outros.
Sob o mesmo ponto de vista, uma ação que custa R$ 100 pode ser considerada barata, enquanto uma que custa R$ 5,00 pode estar cara. Tudo vai depender do potencial de retorno que a empresa pode oferecer. Potencial que, na maioria das vezes, pode não estar refletido no preço do papel.
Nesta linha de pensamento, Breder e Fernandes indicaram cinco ações de empresas que ainda estão baratas ante seus fundamentos. Por outro lado, existe um setor específico cujas empresas devem ser vistas com enorme cautela e, portanto, o investidor deve ficar de fora.
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Vale (VALE3)
A Vale anunciou a distribuição de R$ 2,18 em dividendos nesta quarta-feira (23), os quais serão pagos no próximo dia 30 de junho. Com isso, a empresa deve apresentar um retorno de 10,6% nos próximos 12 meses, e isso apenas considerando os dividendos. Simultaneamente, o acionista da Vale já obteve um retorno de 30% com a valorização das ações em 2021.
Para Breder, a companhia tem um longo caminho de crescimento por causa do minério de ferro, que deve atingir US$ 160 a tonelada este ano. Com seu preço cotado a R$ 111,23, o analista recomenda a compra com preço-alvo até R$ 130.
Via Varejo (VVAR3)
As vendas no varejo brasileiro cresceram 21% em maio, conforme apontou o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA). Além da recuperação, Fernandes espera que a vacinação acelerada e a recuperação da renda dos brasileiros impulsionem o setor e, logo, as ações das empresas listadas.
Fernandes também enxerga oportunidades devido potencial de marca da Via, além de margens de negociação superiores a média do mercado. A recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 21, ao passo que a cotação atual é de R$ 15,86 por ação.
Sanepar (SAPR4)
Tanto o setor de saneamento quanto as elétricas enfrentam desafios por causa da crise hídrica. De fato, o Brasil pode ter que vivenciar um racionamento de energia aos moldes do que houve em 2021. No entanto, a Sanepar possui uma vantagem: os dividendos, visto que a empresa esperar gerar 5,5% de yield nos próximos 12 meses.
Caso a geração de caixa continue a aumentar, o acionista que busca renda passiva terá uma boa oportunidade. Afinal, o preço-alvo indicado por Fernandes é de R$ 32 para uma ação cotada a R$ 4,25, ou seja, um potencial de 752% de valorização.
Copel (CPLE11)
Falando no setor elétrico, a Companhia Paranaense de Energia é outra aposta. Como a Sanepar, a empresa atende o estado do Paraná e está negociada a 0,9 vezes preço/valor patrimonial. Na análise de Breder, este múltiplo representa um excelente desconto frente o valor da empresa.
A esse preço, a Copel é uma boa opção tanto para quem busca renda quanto para valorização de capital. Em termos de dividendos, a companhia espera pagar 12,6% nos próximos 12 meses. Negociada a R$ 30,42, o preço-alvo de Breder para a Copel é de R$ 40.
Coca-Cola (COCA34)
Apesar de ter perdido US$ 4 bilhões em valor de mercado – algo erroneamente associado ao jogador de futebol Cristiano Ronaldo – a Coca-Cola é um exemplo clássico de ação defensiva. Não é à toa que ela é a terceira maior posição do investidor Warren Buffet, que possui 400 milhões de ações da empresa.
Em termos de dividendos, a Coca-Cola tem um yield baixo (3,1%). Mesmo assim, a empresa é uma das maiores pagadoras dos Estados Unidos. A empresa opera ao preço de R$ 44,50 por BDR, e Breder recomenda a compra até o preço de R$ 52.
Ações para ficar de fora
Embora a lista seja de ações baratas, vimos que nem todas representam boas opções. É o caso das empresas de educação, um dos mais transformados durante a pandemia. Fernandes destaca o aumento da procura pela educação informal, tais como cursos rápidos, que não é o foco destas companhias.
O analista recomenda ficar de fora das empresas do setor: Cogna (COGN3), Ser Educacional (SEER3), e Yduqs (YDUQ3).
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