Socorro a bancos pode custar R$ 30 bilhões à B3 e Banco Central

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O caso tem 22 anos, mas uma eventual perda financeira de R$ 31,2 bilhões pode chegar a qualquer momento.

Em janeiro de 1999, a B3 e o Banco Central realizaram operações no mercado de futuros para socorrer os bancos Marka e FonteCindam.

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Naquela época, estava havendo o que ficaria conhecido como maxidesvalorização do real: um forte movimento de queda do real que ocorreu quando o BC abandonou o regime de Bandas Cambiais e passou a operar em regime de câmbio flutuante.

Conforme noticiou o portal JOTA, a ação da B3 e do BC naquele ano será julgada agora pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em quatro ações judiciais.

Além da B3 e do BC, estão envolvidos bancos privados e pessoas físicas.

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De acordo com demonstrativo financeiro da B3, obtido pelo JOTA, uma derrota nesses processos resultará em uma perda de R$ 31,2 bilhões, a valores de junho deste ano, para a bolsa e os demais réus.

Além disso, a B3 alterou nesse demonstrativo o risco de derrota nas ações de “remoto” para “possível”.

Entenda o caso

Em 1999, os bancos Marka e FonteCindam realizaram contratos em dólar apostando na estabilidade do real. Contudo, a aposta foi equivocada, já que o real superdesvalorizou. Consequentemente, os bancos não conseguiram cobrir seu prejuízo.

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Então, a BM&F (hoje B3) enviou uma carta ao BC alertando para um possível risco sistêmico para o país, com possibilidade de quebra de grandes instituições financeiras. Então, em socorro, o BC vendeu dólares a preço abaixo do mercado.

Ainda segundo o JOTA, por conta desta carta, a B3 virou ré em três ações populares e duas ações civis públicas. De acordo com as acusações, o BC agiu sem autorização legislativa para sair em socorro dos bancos. E a prática teria causado danos ao erário. 

Decisões anteriores favorecem B3

Em 2012, quando o caso era dividido em 5 ações, os julgamentos condenaram a maioria dos réus, incluindo a BM&F.

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No entanto, em 2017, após um recurso da atual B3, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) afastou da BM&F a responsabilidade pelo ressarcimento de eventuais danos. Isso porque, segundo o tribunal, não houve imprudência, imperícia ou dolo na ação:

“Diante do real risco de falência das instituições bancárias e da insegurança do sistema econômico e financeiro à época, as decisões tomadas pelo setor técnico do Banco Central do Brasil se justificam, pautando-se pela razoabilidade e estrita legalidade para evitar danos sociais e econômicos maiores.”

Mesmo após recursos do Ministério Público Federal (MPF), a decisão transitou em julgado favorecendo a B3. Agora, os outros quatro recursos serão julgados por instâncias superiores, mas sem data de julgamento.

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Nos dois recursos que já estão no STJ, o MPF alega que a atuação do BC foi ilegal. Afinal, inexistia “previsão normativa que sustentasse a sua participação no mercado de câmbio futuro, sendo sua atuação restrita, à época, a realização de operações no mercado interbancário.”

Por conta disso, o MPF requereu o bloqueio de bens dos réus para assegurar a futura execução.

O que diz a B3

Procurada pelo JOTA, a B3 afirmou:

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“A B3 acredita que as decisões favoráveis serão mantidas nos tribunais superiores. Isto porque segundo as decisões: provou-se que a atuação do Banco Central no mercado futuro de dólar foi legítima; a então BM&F não foi beneficiada com as operações; eventual liquidação das operações com garantias não atingiriam o patrimônio da BM&F; havia concreta possibilidade de risco sistêmico; e não houve prejuízo ao erário”, informou a companhia.

Procurado, o BC disse que não comenta causas em juízo.

Vale destacar que o Bitcoin nasceu durante a crise econômica de 2008/2009 justamente como uma resposta a esse sistema financeiro em que o socorro a bancos com dinheiro público é uma prática comum.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.