O empresário brasileiro Roberto Lee está acostumado com as particularidades do mercado financeiro e conhece a fundo o potencial que a tecnologia tem para alavancar novos negócios neste segmento, atraindo inúmeros clientes e até “roubando” outros de plataformas mais tradicionais.
Foi assim que Lee montou a Clear, uma corretora focada em unir tecnologia e investimentos no mercado financeiro. Sua ideia foi tão bem sucedida que, algum tempo depois, sua corretora foi adquirida pela XP Investimentos, que então passou a ser o novo lar do empresário nacional que aprendeu, em pouco tempo, que o mercado de capitais do Brasil precisa ainda mais de inovação e novas oportunidades de investimentos.
“Levando em consideração a demanda que se via na XP, em 2019 haverá cerca de R$250 bilhões em recursos de brasileiros que, pelo tamanho do nosso mercado, não terão para onde ir”, disse Lee para o jornal Folha de São Paulo.
Então, quando a XP foi comprada pelo Itaú, Lee deixou a empresa, partiu para os EUA e fundou a Avenue Securities, uma corretora que busca eliminar todas as burocracias para que os investidores da América Latina possam investir nas bolsas norte-americanas e, para isso, Lee conta com a imutabilidade e descentralização da tecnologia blockchain.
Lee utilizará a blockchain como uma câmara de compensação (clearing no jargão do setor financeiro), registrando a quantidade de recursos aqui e sua correspondência no exterior, como informa a Folha de São Paulo. Operacionalmente, tudo vai funcionar por meio de aplicativos: o investidor brasileiro deposita os recursos no aplicativo da Avenue Brasil, que transfere o dinheiro para a Avenue nos Estados Unidos.
Além do aplicativo, a Avenue também disponibilizará uma site em português com todas as explicações e informações necessárias para que o investidor possa realizar suas operações sozinho. A ideia de Lee é começar as operações em setembro, após liberação dos reguladores norte-americanos, e, no primeiro momento, o foco será investimentos em renda fixa, como títulos de dívida de empresas e de países, além de fundos que replicam índices de ações ou renda fixa, os chamados ETFs (sigla em inglês para Exchange Traded Funds).
A Avenue manterá nos Estados Unidos um colchão de recursos para garantir que a aplicação seja feita imediatamente, antes mesmo de o dinheiro do Brasil aparecer lá fora. Ele se compromete, ainda, a pagar eventuais resgates em horas. O investidor terá um benefício também no fechamento do câmbio, que será feito não individualmente, mas a partir de volumes maiores, de vários clientes, tudo isso com a garantia da blockchain.