De acordo com uma publicação do Bloomberg do dia 22 de janeiro, pequenos comerciantes da Ásia e Europa estão recorrendo a stablecoins para importar e exportar produtos, vendo nas criptomoedas lastreadas por algum tipo de ativo uma alternativa para fugir da burocracia e altos custos transacionais.
Stablecoins foram inicialmente criadas para garantir que usuários de exchanges conseguissem utilizar “dinheiro de verdade” em transações, mesmo que instituições bancárias encerrassem as contas da plataforma de troca. Com o tempo, o conceito se perdeu e stablecoins começaram a ser vendidas como uma alternativa “menos volátil” das criptomoedas, sendo considerada por empresas do mercado financeiro tradicional – como a JP Morgan e sua JPM Coin.
Contudo, conforme relatado pelo Bloomberg, pequenos comerciantes localizados na Ásia e na Europa estão negociando os mais diversos tipos de produto – de utensílios para bebês até móveis – utilizando stablecoins como USD Coin e Tether.
A empresa de Cingapura QCP Capital, que auxilia comerciantes com tais transações, afirma que US$10 milhões são movimentados por esse público diariamente. A russa B2BinPay também afirma que as transações diárias feitas por este público também atingem os milhões de dólares estadunidenses, embora não tenha fornecido números concretos.
Um dos gestores da QCP Capital, Darius Sit, afirmou:
“Eles estão usando as stablecoins como alternativa aos bancos. Isso representa a criptomoeda voltando às suas raízes.”
Porém, não se trata de um interesse ideológico. Segundo Aaron Brown, investidor e redator na coluna Bloomberg Opinion:
“Os usuários não são necessariamente crentes do valor a longo prazo das criptomoedas, eles apenas acreditam que stablecoins manterão o valor por tempo suficiente até serem liquidadas e compensarem a transação.”
Nic Carter, analista de dados e cofundador da ferramenta CoinMetrics, declarou que este uso de stablecoins não surpreende. Segundo ele:
“Stablecoins são perfeitamente adequadas a estas áreas cinzas do mercado, com modelos de negócio envolvendo transações em mais de uma jurisdição, em áreas onde o setor financeiro pode não ser confiável ou simplesmente ineficaz.”
Sit conclui que, em países como a Indonésia, comerciantes até mesmo preferem stablecoins como a USD Coin do que moedas fiduciárias.
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