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O grande problema das stablecoins

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Em sua gênese, as stablecoins foram uma ótima ideia. Em resposta à negação de serviços bancários às exchanges, criou-se um “coringa” capaz de representar o dólar norte-americano dentro destas plataformas de troca – surgindo assim as criptomoedas pareadas com o dólar norte-americano ou outro ativo (podendo ou não ser uma moeda fiduciária), geralmente em uma proporção 1:1.

Esta foi uma excelente ideia que permitiu às exchanges sem acesso a serviços bancários disponibilizarem seus serviços. Contudo, o conceito tomou outras formas e a ideia inicial talvez tenha se perdido.

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Stablecoins passaram a ser um “refúgio” de investidores (em especial os institucionais) que temem a volatilidade do mercado das criptomoedas, mas querem adentrar o meio. Aproveitando-se deste temor, grandes empresas como o Facebook (com seu projeto Libra) e o JPMorgan (com sua JPM Coin) passaram a desenvolver produtos focados nestes ativos.

O problema

Bom, essa é a hora em que é necessário deixar a imaginação fluir. O Facebook tem um alcance mais do que considerável no globo, com usuários na casa dos bilhões, e uma stablecoin da empresa com certeza atingiria uma parcela considerável destes usuários.

Conforme dito no início do texto, stablecoins são pareadas em outros ativos – podendo ser moedas fiduciárias ou outros bens, com o ouro. Contudo, e se o Facebook resolve alterar o valor da sua stablecoin, fazendo com que ela deixe de ser “estável”?

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Por exemplo, a stablecoin da empresa de Mark Zuckerberg é pareada em uma relação 1:1 com o dólar norte-americano. O projeto explode e, após cinco anos e uma grande disseminação, Zuckerberg decide que a criptomoeda valerá somente metade de um dólar. Talvez não metade de um dólar, mas quanto ele acha que tem que valer – afinal, ele tem uma grande rede baseada no criptoativo.

Este é um grande problema e pode acontecer com qualquer stablecoin lançada por uma grande empresa, capaz de disponibilizar o produto para uma grande rede de usuários. A migração destes usuários será lenta. Até que todos tomem consciência do que está acontecendo, todo o mercado foi desestabilizado por uma jogada deste tipo.

Ela é preocupante, principalmente quando é levado em consideração um dos maiores fundamentos do movimento dos criptoativos – a descentralização. Um golpe deste é basicamente o que a Evil Corp faz em Mr. Robot.

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Inédito como Lagoa Azul na Sessão da Tarde

A questão é que este filme já passou e nem todos se deram conta. O dólar norte-americano, por exemplo, era lastreado pelo ouro em uma proporção 1:1 desde o fim da Segunda Guerra Mundial – tornado-se a moeda de troca do mundo.

Porém, após as guerras nas quais os Estados Unidos tomaram parte, mais dinheiro precisou ser impresso e a moeda consequentemente enfrentou uma desvalorização – a chamada inflação. Na década de 70, o então presidente dos EUA Richard Nixon declarou o fim do “padrão ouro” – mas o dólar manteve-se como moeda de troca do mundo, com todos os seus vícios e desvalorizações.

As criptomoedas surgiram justamente para combater a máquina de dinheiro mágico que ganhou impulso com o sistema bancário, e talvez as stablecoins estejam caminhando para reafirmarem esta máquina. Permitir que isso aconteça é derrotar o propósito das moedas digitais partindo de dentro.

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É preciso ter cuidado. No mundo descentralizado, as stablecoins representam o temido “ponto de falha único”.

Leia também: O que são stablecoins?

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Gino Matos

Tenho 28 anos, sou formado em Direito e acabei fascinado pelas criptomoedas, ramo no qual trabalho há três anos.